Depois de adiar várias vezes a abertura, e de sofrer uma forte contestação nas ruas, a Google resolveu ceder o espaço a duas instituições de solidariedade.
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O anúncio da abertura de um sétimo campus, desta vez em Berlim, foi feito no final de 2016 e, pouco meses depois, começaram os protestos nas ruas.
O local escolhido pela Google, no bairro de Kreuzberg, no coração artístico da cidade, fez com que vários movimentos se juntassem contra a gentrificação.
A empresa norte-americana acabou por desistir da ideia de um campus na capital mas sublinhou esta quarta-feira, ao "Berliner Zeitung", que a decisão nada tem a ver com a pressão dos protestos.
"Fuck off Google" foi uma das mensagens mais repetidas e também o nome de uma das várias iniciativas que organizou, metodicamente, eventos semanais contra a abertura de um novo campus.
Larry Blank Page prefere não usar o nome verdadeiro por medo a represálias. Descreve as várias atividades que decorreram no último ano e meio, desde os "Anti-Google-Café", levados a cabo na livraria anarquista Kalabal!k, aos "Noise against Google", manifestações mensais com o uso de instrumentos musicais, panelas e apitos.
O Google Campus ia ocupar o edifício do Umspannwerk, uma antiga estação elétrica, mesmo em frente a um dos canais de Berlim, no que é considerado o bairro mais alternativo da capital alemã.
É lá que vivem uma grande parte da comunidade turca de Berlim, assim como vários estudantes e artistas. As rendas, não só nesta zona mas como em toda a cidade, não têm parado de subir nos últimos anos com muitos residentes a temer perder a casa.
A Google decidiu recuar e ceder o edifício as duas instituições de solidariedade: a plataforma Betterplace e à associação KARUNA. Se a notícia soube a vitória para os ativistas, as posições políticas dividiram-se.
Os Verdes, por um lado, congratularam-se com a atitude da multinacional norte-americana, sublinhando que esta valoriza iniciativas, associações e organizações sociais e ambientais. Já a CDU lamentou o que diz ser um recuo muito negativo, que destrói a reputação da capital alemã.
Também o Partido Democrático Liberal (FDP) acredita que a decisão passa a mensagem a outras empresas de que não são bem-vindas.