Auditoria do Tribunal de Contas tentou medir o impacto sobre a educação do memorando assinado com a troika. O país perdeu mais de 30 mil professores no pré-escolar, básico e secundário.
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As despesas anuais do Estado com o pré-escolar e os ensinos básico e secundário caíram 17,1% entre 2010 e 2014 (menos 1.223 milhões de euros). A conclusão é do Tribunal de Contas (TC), que fez uma extensa lista de cortes nestes quatro anos.
Na rubrica das despesas com pessoal, os gastos até subiram um pouco em 2014 em relação a 2013, mas mesmo assim a queda continuou a ser enorme quando a comparação é feita com 2010: uma poupança de 911 milhões de euros.
O TC revela ainda que o ensino particular e cooperativo também perdeu dinheiro (perto de 145 milhões de euros por ano), tal como as autarquias (menos 110 milhões de euros).
Noutros números, desapareceram 2.500 escolas, nomeadamente através da chamada "reorganização" ou "racionalização" das escolas básicas do 1.º ciclo que geraram muitos encerramentos.
Quanto aos professores, os alunos portugueses são hoje ensinados por menos 34 mil docentes do que em 2010, numa descida de 23%.
Por outro lado, apesar dos cortes e poupanças, o TC diz que entre 2010 e 2014 aumentou o número de diplomados no país. E a taxa de abandono precoce da escola teve uma descida ainda mais significativa de 28,3% para 17,4%. Uma diminuição grande, apesar de Portugal continuar, a este nível, na cauda da Europa.
A auditoria do TC aos efeitos do memorando assinado com a troika acaba com algumas recomendações. Uma delas pede ao governo que passe avaliar as medidas implementadas na educação, nomeadamente os efeitos no sistema público, nos alunos e no mercado de trabalho.