O presidente da Associação Sindical de Juízes diz que "a bola está do lado do governo", mas tem "pouca esperança" de que a greve, que começa amanhã e se prolonga por um ano, possa ser desconvocada.
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Esta segunda-feira o sindicato que representa os magistrados está a realizar sessões de esclarecimento vários tribunais, do norte a sul do país. Manuel Ramos Soares esteve no Tribunal da Relação do Porto, onde afirmou que os juízes estão cansados, sabem que uma greve tem custos sociais, mas estão dispostos a pagar o preço. O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses diz que está nas mãos do governo travar a greve que começa amanhã e se arrasta até outubro do próximo ano.
"Estamos determinados mas somos responsáveis. Até hoje à noite podemos desconvocar a greve se houver um compromisso claro e assumido de resolver os problemas que existem e que são de natureza remuneratório, assumimos, mas não são só dessa natureza".
Amanhã a greve de juízes é nacional e a partir de quarta-feira é parcial. Manuel Ramos Soares garante que a decisão não foi tomada de ânimo leve.
"É preciso que as pessoas percebam que um poder judicial prestigiado, independente e dignificado é importante para todos. Vamos entrar no próximo ano e nos próximos anos com processos importantíssimos em Tribunal e ninguém quer ver os juízes em guerra com o poder político nem o poder político em guerra com o poder judicial. Era importante que isto se percebesse".
Os juízes contestam a revisão do estatuto dos Magistrados Judiciais, dizem que significa uma redução do vencimento de quem inicia a carreira. Na sexta feira o governo apresentou uma nova proposta, que foi considerada insatisfatória.
"Era uma proposta que resolvia um problema hoje, mas criava novo problema no futuro com uma redução muito significativa dos vencimentos dos juízes".
Manuel Ramos Soares diz que os juízes estão cansados. "Estou convencido que os juízes vão dar um sinal claro de que estão descontentes com o que aconteceu".
Amanhã a greve dos juízes é nacional, quarta-feira é parcial e vai afetar os tribunais do Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Évora.