Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, a que a TSF teve acesso, revela números preocupantes e sugere várias medidas.
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O 13.º relatório do Observatório Nacional de Doenças Respiratórias (ONDR) revela que as doenças respiratórias matam, em média, 48 pessoas por dia (duas por hora) em Portugal.
Só em 2016, este tipo de doenças provocou 13.474 mortes, se incluirmos os óbitos por cancro da traqueia, brônquios e pulmão.
Além dos cancros, a pneumonia (20%) é a doença que mais mata, seguida da doença pulmonar obstrutiva crónica (8%).
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Custos do internamento
No documento, a que a TSF teve acesso, pode ler-se que as doenças respiratórias são a primeira causa de internamento a nível nacional, com custos superiores a 200 milhões de euros em 2013, e a terceira causa de morte em todo o país.
Olhando para os internamentos realizados nos últimos 10 anos (entre 2007 e 2016) verifica-se que o número total de internamentos por doenças respiratórias aumentou 26% e os episódios de doentes submetidos a ventilação mecânica aumentou 131%.
Taxa de mortalidade
Em termos europeus, a taxa nacional de mortalidade por doenças respiratórias em Portugal Continental e nas Regiões Autónomas é das mais elevadas, ultrapassa os 115 por 10.000 habitantes, com a Madeira a registar a maior taxa da Europa.
Tabaco, o eterno problema
O tabaco continua a ser um fator de risco importante para inúmeras doenças respiratórias: foi responsável por 46,4% das mortes por DPOC, 19,5% das mortes por cancro, 12% das mortes por infeção respiratória inferior. Segundo o Institute of Healths Metrics and Evaluation, em 2016 morreram em Portugal 11.800 pessoas devido a doenças relacionadas com o tabaco, o que corresponde à morte de uma pessoa por cada 50 minutos.
Caminhos a percorrer
Apesar dos números, o relatório do ONDR conclui que há muito a fazer em termos de prevenção e que menos de 2% dos doentes com indicação para reabilitação respiratória têm acesso ao tratamento.
António Carvalheira Santos, relator do documento, destaca que persiste em Portugal um défice na promoção da saúde e na prevenção da doença, por falhas na educação para a saúde: "Portugal carece ainda da implementação de uma verdadeira rede de espirometria essencial para a avaliação funcional dos doentes respiratórios e, mais grave ainda, praticamente não oferece a possibilidade de os doentes fazerem reabilitação respiratória, que deve fazer parte integrante do plano terapêutico de todos os doentes respiratórios crónicos sintomáticos", frisa.
Os especialistas estimam que em 2020 as doenças respiratórias sejam responsáveis por cerca de 12 milhões de mortes anuais em todo o mundo.
O 13.º relatório do ONDR é apresentado esta quinta-feira, no auditório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa.