
Leonel de Castro/Global Imagens
Ao todo, nove militares foram hospitalizados na sequência de treinos físicos em Alcochete. O Centro de Tropas Comandos diz que está em curso um "processo de averiguação interno", mas rejeita que esteja em andamento qualquer investigação por parte da Polícia Judiciária Militar.
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"Não há nenhuma investigação por parte da polícia judiciária militar. O que há é um procedimento normal em todas as situações que envolvam acidentes, que é um processo de averiguação interno dentro do exército, para averiguar se todas as normas e procedimentos foram cumpridos", garante o coronel Dores Moreira, comandante do Centro de Tropas Comandos.
De acordo com os comandos na "passada sexta-feira", nove militares do curso de formação Comandos deram entrada no Hospital das Forças Armadas, na sequência das provas físicas que realizaram no curso de Comandos, no campo de tiro de Alcochete. Dos nove militares internados, dois encontram-se ainda nos cuidados intensivos e um já teve alta.
O jornal Correio da Manhã dava conta de que a Polícia Judiciária Militar estaria a investigar "abusos nos Comandos", mas o Centro de Tropas Comandos rejeita qualquer envolvimento desta polícia.
Dores Moreira lamenta que esta seja uma situação que "infelizmente é possível de acontecer", salientando, no entanto, que "nunca deixará de haver, por parte do comando da unidade, todo o esforço para identificar as circunstâncias dos acontecimentos e prevenir se houve algum erro, para que não volte a acontecer".
"Relativamente aos dois que estão nos cuidados intensivos, tem que ver com desidratações acumuladas e, ao identificar-se, encaminhou-se para o hospital, por ser parecer do médico da unidade que essa situação requeria cuidado hospitalar. Se eles não tivessem chegado a essa situação, tinham-se mantido na instrução normal", acrescenta.
O coronel, que falou à margem da Cerimónia Militar de Condecoração do Coronel Raúl Folques - presidida por Cavaco Silva, que condecorou o Coronel com a Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito -, afirma que reagiu à notícia com "serenidade e apreensão", sublinhando que o batalhão de comandos tem uma preparação "muito vincada na vertente física, técnica e psicológica dos militares", sendo esse um dos motivos que faz desta uma "unidade de primeira intervenção".
Dores Moreira diz ainda que o incidente não se deveu a qualquer "exercício específico", mas a um conjunto de exercícios "muito exigente" que "combina marcha e corrida" e que provoca "alguma desidratação".
O Curso de Comandos, que dura 12 semanas, começou a 28 de setembro e conta com 70 formandos.
De acordo com um comunicado enviado à Agência Lusa, fonte do Exército adianta que dos dois militares que estão nos Cuidados Intensivos, um deles está diagnosticado como sofrendo de uma rabdomiólise (lesão muscular) que afetou as funções renais. O outro sofreu uma lesão no pneumotórax.
"Os restantes seis formandos recuperam de lesões traumáticas ligeiras" e deverão integrar em breve a instrução, garantiu.