Segundo a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, estima-se que surjam em 2017 mais 12 mil novos casos de cancro de pele, 1000 dos quais de melanoma.
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A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) considera ser "um erro grosseiro" aumentar a exposição solar pensando que a pele vai produzir mais vitamina D e lembrou que 20 minutos bastam para as necessidades diárias.
"É um erro grosseiro julgar que mais tempo expostos ao sol vamos ter mais produção de vitamina D (...) e é errado aconselhar a população a expor-se mais ao sol, de forma desmesurada, pois vai é aumentar o risco de cancro de pele", alertou Osvaldo Correia, secretário-geral da APCC, que esta quarta-feira apresenta os dados mais recentes deste tipo de cancro.
O responsável respondia à agência Lusa a propósito dos défices de vitamina D que têm sido detetados na população portuguesa e que levaram a um aumento do consumo destes suplementos vitamínicos.
Por causa dos gastos com os suplementos de vitamina D, que dispararam nos últimos anos, o Infarmed, a Direção-Geral de Saúde (DGS) e o Instituto Ricardo Jorge (INSA) já anunciaram que vão avançar com uma avaliação "firme e rigorosa" do diagnóstico e tratamento deste défice vitamínico.
"Têm sido detetados em várias faixas etárias níveis deficitários. Considera-se, de qualquer forma, que dos níveis que têm sido reportados em termos internacionais, dos laboratórios, é preciso saber o deficitário que obriga a fazer suplementação, e isso é em função da patologia que possa estar associada e tem de ser decidido pelo médico", alertou Osvaldo Correia.
O especialista explicou ainda: "A pele, após exposição à luz durante 15 a 20 minutos, em áreas limitadas, pode ter uma capacidade de produção de vitamina D suficiente para nós próprios, disso não temos qualquer tipo de dúvida. Não vai ser à custa de mais exposição à luz que ela vai produzir mais vitamina D".
Para o responsável da APCC, se de facto existem défices que são necessários corrigir "eles têm de ser suplementados por medicação, tal como os bebés, não é por maior exposição [ao sol]".
Segundo os dados divulgados pela APCC, quase 100 suspeitas de cancros de pele foram detetadas em 2016 no rastreio nacional que avaliou cerca de 1700 pessoas.
De acordo com Osvaldo Correia, os casos de cancro de pele têm vindo a aumentar e neste rastreio as suspeitas ascenderam a "mais de 80 casos de carcinoma basocelular e 14 de melanomas, além de outras lesões de risco de cancro de pele".
Na iniciativa que decorre esta quarta-feira, integrada no Dia do Euromelanoma, que se assinala todos os anos em mais de 30 países, serão ainda revelados dados relativos à incidência dos cancros de pele nos jovens adolescentes, "que se estão a tornar mais frequentes e que se prevê continue a aumentar nos próximos anos", disse.
Segundo a APCC, estima-se que surjam este ano mais 12.000 novos casos de cancro de pele, 1.000 dos quais de melanoma.
Para o responsável da associação, as causas do aumento do número de casos do cancro de pele são múltiplas, mesmo que a população portuguesa seja das que tem mais conhecimentos e comportamentos mais adequados.
Osvaldo Correia sublinha a importância do diagnóstico precoce, dando o exemplo das várias iniciativas que vão ser desenvolvidas no âmbito do Dia do Euromelanoma, sobretudo para ensinar a população a fazer o autoexame, "identificar o inimigo" e saber o que deve ou não valorizar nesse diagnóstico.
A campanha que irá decorrer este ano prevê diversas ações para o dia 17 de maio, Dia do Euromelanoma em Portugal, como os rastreios gratuitos que vão decorrer em meia centena de serviços de dermatologia espalhados pelo país.