'É favor aguardar, estamos a traduzir'. Adiada decisão do julgamento Vistos Gold
É mais um adiamento devido a uma tradução de Português para Mandarim. O Juiz Carlos Alexandre tem decisão tomada, mas os 17 arguidos só ficam a saber se vão a julgamento em meados de maio.
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Depois do despacho de acusação, que concluiu em novembro do ano passado (um ano depois das primeiras detenções) haver "meios do Estado ao serviço de interesses privados", o processo dos vistos dourados já esteve parado devido a traduções Português-Mandarim, depois teve novo atraso para correção de 268 gralhas detetadas pelo Ministério Público, e agora volta a emperrar por causa das traduções.
O processo não está lost in translation (perdido na tradução), como no filme de Sofia Coppola, mas está mais uma vez atrasado, e a culpa é... das traduções. É um direito que assiste aos arguidos - verem todas as peças processuais traduzidas para a sua língua materna -, e mesmo tendo advogados portugueses, nenhum dos três arguidos chineses abdicou desse prorrogativa, o que está a atrasar a leitura da decisão instrutória - momento em que o juiz Carlos Alexandre vai comunicar aos arguidos se vão, ou não, ser levados a julgamento -.
Fontes contactadas pela TSF garantem que a decisão está tomada, os argumentos escritos e prontos a ser comunicados aos arguidos, mas agora é preciso aguardar pela tradução, que só estará pronta no final deste mês. Depois da extensa errata a pedido do Ministério Público, os arguidos chineses voltaram a requerer tradução, um trabalho demorado. Assim que a tradução para mandarim estiver pronta, todos os arguidos serão notificados, tendo depois um prazo de 10 dias para se pronunciarem, o que atira a leitura da decisão instrutória para meados do próximo mês.
O processo Vistos Gold, ou vistos dourados, tem 17 arguidos - 3 de nacionalidade chinesa - incluindo o ex-ministro da Administração Interna Miguel Macedo, o ex-diretor nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras Manuel Palos, o ex-presidente do Instituto dos Registos e Notariado António Figueiredo e a antiga secretária-geral do Ministério da Justiça Maria Antónia Anes.
A investigação, pelo que afirma o DCIAP - Departamento Central de Investigação e Ação Penal -, concluiu que houve vistos dourados - autorizações de residência atribuídas a estrangeiros com investimentos em Portugal - concedidos de forma irregular, com indícios de crimes como corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato, abuso de poder e tráfico de influência.