E se os cegos conseguissem "ver" fotografias? No Facebook já é possível

"Esta imagem pode conter: pizza, comida". A descrição pode parecer limitada, mas para quem não pode ver representa um passo importante.

O Facebook decidiu lançar um novo serviço que permite aos invisuais saber o que contêm as imagens que são colocadas na rede social pelos utilizadores.

Atualmente, há softwares para cegos (screen readers) que tornam os computadores acessíveis através da leitura do que aparece no ecrã. Mas estes sistemas só conseguem interpretar texto. Numa altura em que dois mil milhões de imagens são carregadas todos os dias nas redes sociais, o Facebook encontrou uma falha.

Através da Inteligência Artificial, a empresa decidiu então desenvolver o "Automatic Alternative Text", um sistema que descodifica e descreve as imagens e permite que os sistemas de screen reader as leiam.

No vídeo é possível perceber como funciona o sistema:

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O sistema está disponível a partir desta terça-feira para os utilizadores do Facebook que usam screen readers no sistema iOS definidos para o inglês, mas vai alargar-se em breve para outras línguas e plataformas.

Matt King, engenheiro desta rede social é um dos responsáveis por esta nova ferramenta. "No Facebook, muito do que acontece é extremamente visual", disse King à BBC, "um cego pode sentir que é posto de lado nas conversas".

O engenheiro sabe bem do que fala. Perdeu a visão devido à retinose pigmentar, uma doença degenerativa rara. Para King, este novo sistema representa uma conquista, um caminho para a igualdade de direitos.

"Sinto que tenho o direito a essa informação. Estou a pedir que algo que já está disponível para outras pessoas chegue também a mim. Por isso acho que é uma questão de justiça".

Para já, o sistema é ainda muito básico. O software consegue reconhecer 80 imagens familiares, como carros, comboios, comida, montanhas, água, praia ou alguns desportos. Mas quanto mais fotografias entrarem no sistema e forem interpretadas, mais sofisticado vai ficar.

O objetivo do Facebook é evoluir na área da acessibilidade. No caso das imagens, por exemplo, usar o reconhecimento visual para identificar pessoas numa fotografia e dizer o nome.

A equipa garante: isto é só o princípio.