Enfermeiros "num caso ou noutro não sei se não estão a ir longe de mais", diz bispo do Porto
O bispo do Porto, Manuel Linda, em entrevista ao jornal "Público" e à rádio "Renascença", lamenta o adiamento de cirurgias "urgentíssimas" em função "do bem individual de cada um".
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Manuel Linda até compreende as razões do protesto dos enfermeiros, mas, para o bispo do Porto, há limites. O clérigo reconhece que "é preciso pôr cobro a algumas injustiças que afetam a classe", mas considera que "há formas de greve que vão longe de mais", dando o exemplo do "adiamento de intervenções cirúrgicas urgentíssimas".
Os enfermeiros não são, por estes dias, o único setor que mantém um braço de ferro com o governo. Os guardas prisionais também estão em greve, o pretexto para Manuel Linda questionar algumas linhas orientadoras do executivo liderado por António Costa: "É meritória a vontade do nosso governo de sanear as finanças públicas, agora vamos ver como é que o fazemos".
O bispo do Porto entende que "há setores que, de facto, não podem ser mais prejudicados. Por exemplo, o setor prisional (...) tem de funcionar e só pode funcionar com guardas prisionais. Não vamos agora reduzir abaixo dos mínimos". Questionado sobre se esses limites já foram ultrapassados, o bispo Manuel Linda considera que "em alguns setores como, por exemplo, este dos guardas prisionais, talvez" e conclui: "Há despesas que têm de ser feitas."
O representante máximo da diocese do Porto, deixa ainda uma reflexão sobre o peso da economia na governação. "Nós corremos o risco de transformar a governação voltada, fundamentalmente, para a economia. É um setor, sem dúvida, importantíssimo para o sustento da vida e das condições de dignidade. Mas não é a totalidade da vida".