João Pedro da Ponte, autor do programa de Matemática do ensino básico que vigorou entre 2007 e 2013, lamenta que o ministério não tenha ido mais longe e avançado com uma reformulação dos programas.
Corpo do artigo
"Estes documentos não vão trazer melhorias significativas no ensino e aprendizagem da matemática", sublinha, sustentando que as alterações foram feitas "em questões de pormenor, mas não trazem uma alteração substancial dos programas", ficando aquém das necessidades dos alunos, defende o professor catedrático do Instituto da Educação da Universidade de Lisboa.
O docente considera que os atuais programas são "demasiado extensos e abstratos" e defende que o ensino da disciplina nas escolas devia ter em conta as várias dimensões da Matemática.
"A Matemática que é ensinada na escola tem de fazer a síntese dessas dimensões e era isso que o programa de 2007 procurava fazer, trazendo várias situações do dia-a-dia e que tinham a ver com a realidade dos alunos", refere sustentando que o programa de 2013, que entrou em vigor com o anterior governo, "é feito numa lógica de matemática pura, muito abstrato e cheio de simbolismos, o que torna mais difícil a compreensão e aprendizagem por parte dos alunos".
Ao anunciar que deu esta quarta-feira orientações às escolas para flexibilizarem os programas de matemática do ensino básico e secundário, o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues explica que as novas orientações para a gestão dos programas e metas resultam "do trabalho de articulação e colaboração entre a Associação de Professores de Matemática e a Sociedade Portuguesa de Matemática, bem como de professores do básico e secundário em exercício de funções".
Através da flexibilização dos objetivos inicialmente previstos - havendo conteúdos que podem ser lecionados ao longo do ano letivo ou em ciclos distintos e outros "não fundamentais, que podem ser lecionados facultativamente", o executivo tenta responder às críticas tecidas pelos professores que questionavam a extensão e alegada inadequação à faixa etária dos alunos.