Dados constam da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão que é apresentada esta terça-feira. Autores sugerem maior envolvimento da rede de cuidados primários.
Corpo do artigo
No ano passado, o número de consultas até aumentou 0,6%. O jornal Público, que revela dados da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, mostra que as cirurgias também aumentaram - mais 19% do que no ano anterior. No entanto, este desempenho não impediu, que o tempo médio de espera para uma consulta tenha chegado aos 180 dias, mais nove que em 2016.
É um valor médio já que em algumas unidades do Serviço Nacional de Saúde o tempo de espera para uma consulta de oftalmologia é substancialmente superior. No centro hospitalar do Oeste, 784 dias, no centro hospitalar Barreiro-Montijo, 510 dias.
O problema, sublinha o coordenador da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, é a falta de profissionais nesta área. Augusto Magalhães, médico no hospital de São João no Porto, calcula que sejam necessários mais 114 oftalmologistas.
A par do reforço de profissionais desta área de especialidade, a Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, aposta na libertação dos hospitais. Os autores da reforma sugerem, por exemplo, a realização de primeiras consultas em centros de saúde. Boa parte da estratégia assenta na valorização da rede de cuidados primários. É também sugerido que sejam os centros de saúde a promover rastreios dirigidos às pessoas com 60 anos para identificar fatores de risco ao desenvolvimento de doenças como o glaucoma e a degenerescência macular da idade - são as duas principais causas de cegueira na população adulta no mundo ocidental.
Este rastreio é uma inovação tal como a proposta de criação de um serviço de urgência de Oftalmologia no Algarve para evitar que quem ali vive tenha de se deslocar a Lisboa, como hoje acontece.
São algumas das medidas que integram a nova Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, uma reforma, afirma Augusto Magalhães ao Público, para durar "várias décadas".