O serviço que esteve encerrado entre 22 de dezembro e 2 de janeiro já retomou o funcionamento. A TSF percorreu a Unidade de Alcoologia do Centro, onde ainda há preocupações.
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A Unidade de Alcoologia do Centro (UAC), a funcionar em Coimbra, já retomou o serviço de internamento. Depois de ter dado alta a dez pacientes no passado dia 22 de dezembro, e tendo evitado internar novos utentes por falta de assistentes operacionais, a unidade voltou a funcionar, desde o dia 2 deste mês, já com quatro funcionários.
A responsável pelo Serviço, Ana Feijão, refere à TSF que espera agora que os operacionais se mantenham ao serviço, vendo os seus contratos renovados daqui a seis meses.
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Foram admitidos quatro assistentes operacionais, com contrato de seis meses, que garantem o normal funcionamento do internamento. "O serviço está funcional", garante a responsável pela Unidade de Alcoologia do Centro, Ana Feijão. Os quatro funcionários estão neste momento em integração.
Mesmo sem internamento, a UAC nunca fechou as portas. "Já internámos doentes, a ARS já contratou pessoal para resolver a carência que tínhamos. Estivemos quase duas semanas sem doentes internados, mas estivemos sempre a funcionar no serviço de ambulatório e a atender doentes."
Ana Feijão garante que os funcionários que trabalharam horas extra receberam o devido pagamento, mas foi preciso parar para deixá-los parar descansar. "Não foi a primeira vez que isto aconteceu. Já se vem a manifestar esta carência há alguns anos. Esta paragem não prejudica os utentes porque é um internamento programado", explica.
O serviço já parou por mais do que uma vez por falta de funcionários. Importa por isso perceber como será no futuro. "É um contrato de seis meses, mas é possível de renovar. Existe essa carência no mapa de pessoal. Há necessidades."
Com funcionários suficientes todos os doentes que procuram a unidade de alcoologia do centro são atendidos, quer venham encaminhados pelo médico de família, quer cheguem sozinhos de forma voluntária.
Mais do que o envelhecimento das paredes, o envelhecimento dos recursos humanos
A Unidade de Alcoologia do Centro presta serviço à população há mais de cinquenta anos. Fica nos arredores de Coimbra, em Castelo Viegas. Numa zona de floresta, na margem esquerda do Mondego. O edifício azul espreita pela folhagem e apresenta-se com o nome da sua fundadora: Maria Lucília Mercês de Melo.
Um serviço de apoio a quem tem problemas com o álcool. Há mais de cinquenta anos em funcionamento. Por vezes, um funcionamento com soluções, por falta de pessoal. As instalações físicas, criadas de raiz na altura, ainda respondem ao solicitado, garante a responsável.
Depois de avaliado o doente, quando chega à Unidade é feita uma proposta de intervenção por uma equipa multidisciplinar, que, muitas vezes, passa pelo internamento. Por isso, na unidade, para além de médicos psiquiatras e de medicina geral, trabalham enfermeiros, auxiliares, mas também psicólogos e assistentes sociais. Tudo para que o seguimento permita acompanhar a restruturação da vida do paciente.
Os doentes alcoólicos chegam à Unidade por intermédio dos médicos de família, mas não é um caminho exclusivo. Ana Feijão, responsável pela Unidade de Alcoologia do Centro, espera ainda que se abram portas para uma terceira forma de receção dos doentes, através do sistema ALERT, mas essa está dependente do poder central.
Na última reunião com o secretário de Estado da Saúde, Ana Feijão deixou-lhe o alerta. A Unidade de Alcoologia do Centro trabalha bem, mas está a ficar envelhecida. Mas, não é o envelhecimento das paredes que a preocupam. É sim o envelhecimento dos recursos humanos. Por exemplo, na equipa médica, composta por seis médicos (dois psiquiatras e quatro de medicina geral), a média de idades é de 55 anos.