Uma investigação mostrou que a maioria das mulheres não necessita de mais tratamento além da cirurgia e dos bloqueadores hormonais.
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O maior estudo alguma vez realizado sobre tratamentos de cancro da mama concluiu que a maioria das mulheres com a forma mais comum da doença podia saltar a quimioterapia sem afetar as suas hipóteses de vencer o cancro.
Os resultados esperam poupar cerca de 70 mil doentes que todos os anos nos Estados Unidos e em outros locais passam por esta provação e fazem despesas com estes medicamentos.
O estudo envolveu cancros no estadio inicial, antes de se espalhar pelos gânglios linfáticos, alimentado por hormonas e que não é alvo do medicamento Herceptin.
Testes genéticos mostram que a maioria das mulheres não necessitam de tratamento, além da cirurgia e dos bloqueadores hormonais e que a quimio não melhora a sobrevida.
Os resultados do estudo são discutidos este domingo numa conferência sobre cancro em Chicago e são publicados na revista científica New England Journal of Medicine.
"Uma esperança" para o tratamento do cancro
Questionado pela TSF, o especialista em cancro da mama Fernando Jesus Regateiro diz que esta é uma "boa notícia" para a investigação genética e, acima de tudo, para as doentes.
Na opinião do professor de Genética Médica da Universidade de Coimbra, este estudo mostra que há futuro num dos "caminhos que há anos tem vindo a consolidar-se (e que tem ainda muitos passos para dar): personalizar a medicina, escolher a melhor terapêutica, em função da natureza genética das situações que queremos tratar".
No fundo, este novo método permite analisar o cancro de cada mulher e perceber em que casos é que o tumor exige que seja feito tratamento por quimioterapia e em que casos é que é possível ser tratado com recurso a outras formas de terapêutica.
"Um tumor pode ter vários tipos de células como conteúdo da sua massa tumoral e, portanto, este estudo, que analisa 21 genes, permite caracterizar as alterações que existem e determinar as mulheres que carecem de quimioterapia e as mulheres que podem simplesmente fazer hormonoterapia", explicou o especialista.
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"Deixa-me a esperança de melhorar, significativamente, a escolha do tipo de terapêutica a usar e isso é importante", afirmou Fernando Jesus Regateiro, defendendo ainda que as conclusões deste estudo "não devem ser ignoradas" e que este método deverá, futuramente, passar a ser regularmente praticado nos hospitais portugueses.
Notícia atualizada às 22h30, com declarações de especialista