"Voltou o cenário negro a Vila Velha de Ródão", afirma autarca. Autoridades ambientais dizem que empresa cumpriu o que lhe exigiram, mas promete fiscalização apertada.
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A Câmara de Vila Velha de Ródão está preocupada com o regresso ao trabalho da Centroliva, uma fábrica fechada no início de março pelas autoridades por risco para o ambiente e para a saúde pública, num caso raro em Portugal.
À TSF, o presidente da autarquia explica que a empresa voltou a laborar no domingo. O problema, explica Luís Pereira, é que aquilo que se registava à data do fecho continua: um fumo intenso e com um péssimo aspeto, negro, além do mau cheiro que voltou a atingir a vila.
O autarca afirma que o "cenário negro regressou a Vila Velha de Ródão", mas admite que não sabem se a fábrica está a funcionar em pleno ou apenas em fase de testes, podendo os sinais agora sentidos ser apenas provisórios e por alguma questão de "afinamento" das máquinas desta fábrica de produção de energia a partir da combustão de biomassa (bagaço de azeitona, estilha e resíduos florestais).
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A Câmara já contactou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR) que tinha encerrado a fábrica e que prometeu vir rapidamente a Vila Velha de Ródão para perceber o que se passa.
Recorde-se que o encerramento da Centroliva aconteceu com base "na existência de risco para o ambiente, para a qualidade do ar e para a saúde pública".
Desde fevereiro de 2016 que a Centroliva estava intimada a "adotar as medidas necessárias" ao exercício da sua atividade "sem incumprimentos ambientais", mas, sem medidas, só em março de 2017 foi encerrada depois de numa ação de fiscalização se ter "verificado o incumprimento dos valores limite de emissão aplicáveis aos poluentes, partículas, monóxido de carbono e compostos orgânicos".
Autoridades prometem fiscalizar
A presidente da CCDRC, que mandou fechar a fábrica, explica à TSF que teve agora de levantar essa medida pois a empresa cumpriu todas as obrigações que lhe foram impostas. Nomeadamente foram feitos investimentos nas caldeiras para ter emissões mais limpas, colocados filtros e contratada uma empresa certificada que atestará a 'qualidade ambiental' dos gases que saem da fábrica.
Ana Abrunhosa acrescenta, contudo, que desde que a fábrica voltou a laborar tem sempre presente um fiscal que irá reavaliar as emissões e continuará presente até que a situação se regularize.
A líder da CCDR acrescenta que é normal que nestes primeiros tempos o fumo seja mais negro, mas a tendência, espera, é que melhore muito com a continuação da laboração. Quanto ao cheiro, aí a situação é mais complicada, pois a legislação, explica, é muito mais complexa.