Faculdade de Motricidade Humana sem dinheiro para cursos de Dança e Ergonomia
Pouco dinheiro do Estado e falta de alunos podem ditar fim de licenciaturas únicas no país. Estudantes e inspetores do trabalho contestam.
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"Vão-se os anéis e ficam os dedos". É com o anterior ditado popular que o presidente da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, José Diniz, resume a situação da instituição que atravessa uma grave crise financeira.
A proposta de quem gere a faculdade é fechar duas licenciaturas únicas no país, pois o dinheiro que recebem do Governo não chega para as sustentar.
Uma das licenciaturas, Ergonomia, é mesmo rara no mundo, numa ciência que estuda como melhorar as condições de trabalho na constante fricção entre homens e mulheres com a profissão que exercem, evitando acidentes e doenças profissionais.
O presidente da faculdade defende no entanto que não há dinheiro para continuar a sustentar este curso que só tem 20 vagas por ano e nem todas são preenchidas, não sendo por acaso, garante, que só em Inglaterra conhece outra licenciatura na mesma área.
José Diniz destaca o subfinanciamento do ensino superior que afeta mais a Faculdade de Motricidade Humana, instituição conhecida pelos cursos de desporto onde estudaram, por exemplo, José Mourinho e vários treinadores portugueses.
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Dança é outra licenciatura única em Portugal e com poucos alunos - há anos em que apenas um ou dois acabam o curso, explica o presidente -, mas, se as licenciaturas de Ergonomia e Dança continuarem, José Diniz garante que fica em causa a saúde financeira de toda a faculdade.
"É claramente uma questão de sobrevivência e de perceber quando passa a ser aceitável vivermos nas condições em que somos obrigados a viver", argumenta o responsável que destaca, na faculdade, os computadores mais que velhos, uma carrinha com vinte e tal anos que anda sempre na oficina ou espaços desportivos (fundamentais numa faculdade de desporto...) a precisarem de obras urgentes.
Alunos contestam. Inspetores do trabalho lamentam
Os alunos é que não ficam satisfeitos com o fim dos cursos de Dança e Ergonomia. Para esta quarta-feira de manhã está marcado um protesto durante a reunião do Conselho de Escola que vai avaliar o fim das duas licenciaturas.
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A presidente do Sindicato dos Inspectores do Trabalho admite também não entender o fim do curso de Ergonomia. Carla Cardoso salienta que várias pessoas na Autoridade para as Condições do Trabalho têm esta formação que considera muito útil para prevenir acidentes e doenças profissionais.
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