Família de Savimbi quer um milhão de euros por este ser "uma grande besta" num videojogo
Os filhos de Jonas Savimbi estão "chocados" com a forma como o fundador da UNITA é retratado no jogo de computador "Call of Duty". A família avança para tribunal porque Savimbi não era o que aparece no jogo: "uma grande besta que quer matar toda a gente".
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Em causa está uma das missões de "Call of Duty: Black Ops II", de 2012. A dado momento o jogador é transportado para o Cunene e é recebido por Jonas Savimbi. A ação desenrola-se em 1986, no auge da guerra civil angolana, Savimbi e os guerrelheiros da UNITA estão ali para ajudar o protagonista a resgatar um agente da CIA, um espião que estará nas mãos do MPLA.
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(Savimbi aparece aos 57 segundos do vídeo)
Para a família, nomeadamente os três filhos que vivem em Paris, a imagem de Savimbi no jogo - que aparentemente só agora conheceram - é de "uma grande besta que quer matar toda a gente", pelo que processaram a filial francesa da empresa norte-americana Activision Blizzard, que edita o jogo.
Além da indemnização, um milhão de euros, exigem a retirada desta versão do jogo, por a considerarem ofensiva para a memória do seu pai.
"Desvirtua a imagem dele, aquela não é a sua figura. O doutor Savimbi não era assim, um bárbaro", afirmou à Lusa Kassique Pena, sobrinho do fundador da UNITA, de 54 anos, e que chegou a ser diretor do gabinete do tio, morto em 2002 por forças governamentais, levando ao fim da guerra civil em Angola, ao fim de quase três décadas.
"A família não revê o doutor Savimbi naquela imagem, banalizaram a sua forma de ser. Colocam-no como um homem muito agressivo e muito para a guerra e ele não era assim. Ficamos muito chocados com isto", disse ainda o sobrinho, em Luanda.
De acordo com a agência France Presse, o caso será analisado pelos juízes, em França, a 03 de fevereiro.
Citada pela mesma agência, a advogada da família em França, Carole Enfert, afirmou que o problema coloca-se pela imagem "caricatural" transmitida pelo jogo e que, defende, não corresponde à sua personalidade de "líder político" e "estratega".
Visão diferente tem o editor do jogo, Etienne Kowalski, que garante que Savimbi foi representado com uma faceta "essencialmente favorável" e "uma figura da história angolana, um chefe de guerrilha que combateu contra o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, partido no poder desde 1975]".
Segundo os advogados esta é a primeira vez que uma acusação de difamação é usada num caso envolvendo uma personagem de videojogo.