Explicação é avançada pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos do Ministério da Saúde.
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Portugal não tem conseguido atingir as metas previstas de redução do consumo excessivo de álcool nas mulheres e na população adulta com mais de 35 anos. Pelo contrário, os casos de embriaguez até têm aumentado.
O alerta é do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) do Ministério da Saúde que avalia o cumprimento destas metas e admite que o retomar da economia travou, provavelmente, o combate ao excesso de álcool.
Como salienta o subdiretor geral do SICAD à TSF, "este retomar da esperança pós-crise pode ter feito com que tenhamos bebido um pouco mais... entrando naquilo que identificamos como um regime de festa e nós normalmente comemoramos bebendo álcool..."
Manuel Cardoso admite que não têm nenhum estudo para o provar, mas "é empírico e o que parece tendo em conta as condições sociais e económicas" que existiam em 2012, data do anterior estudo sobre o assunto, e 2016, ano do último inquérito feito aos portugueses sobre consumo de bebidas alcoólicas.
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Por outro lado, o responsável do SICAD conta que apostaram muito nos últimos anos em travar os consumos de álcool nos mais jovens e aí atingiram as metas previstas no Plano Nacional para a Redução dos Comportamentos Aditivos e das Dependências. No entanto, deram pouca atenção aos adultos e em especial às mulheres que segundo os especialistas estão a beber mais porque querem ficar mais parecidas com os homens.
O SICAD destaca ainda que ao contrário do previsto também não tem sido possível, como estava previsto, avançar com uma rede de referenciação no Serviço Nacional de Saúde que identifique de forma mais rápida e eficaz o consumo em excesso de álcool, por exemplo quando se vai ao médico de família.
Manuel Cardoso acrescenta que nos últimos anos existiu um aumento do consumo de álcool, bem como dos casos de embriagues e episódios em que a pessoa bebe várias bebidas de seguida, mas apenas nas populações acima dos 35 anos.
Por exemplo, ao contrário das camadas mais jovens, existiram aumentos claros nos casos de embriaguez nas populações com 35-44, 45-54, 55-65 e 66-74 anos, sobretudo entre as mulheres.
O maior crescimento aconteceu entre quem tem entre 55 e 64 anos que em 2012 registavam apenas 1,4% de casos de embriaguez no último ano, número que em 2016 passou para 4,2%
O balanço do estado de Portugal em matéria de álcool é feito esta terça-feira na reunião anual do Fórum Nacional Álcool e Saúde que reúne mais de 90 entidades do Estado, mas também de quem vende álcool aos portugueses.
A principal meta do SICAD para este encontro é ajudar a delinear formas de travar o aumento do consumo entre os adultos com mais de 35 anos e as mulheres.