Primeiro-ministro e ministro do Ambiente apresentaram Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050. Costa adianta que Governo quer "alinhar" fiscalidade com impactos da utilização de carbono
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António Costa considera que o país tem feito investimentos importantes em matéria de eficiência e sustentabilidade, mas o primeiro-ministro defende que para que, até 2050, Portugal possa ser "neutro" em termos de carbono até 2050, é preciso fazer mais.
Apostar na mobilidade elétrica, descarbonizar a produção de eletricidade e abandonar o carvão são algumas das prioridades, que, segundo o Governo, devem estar em sintonia com mudanças ao nível da fiscalidade.
"É fundamental alinhar o sistema fiscal com o objetivo da descarbonização, eliminando os sinais errados dados à economia, pelos incentivos à utilização dos combustíveis fósseis que ainda persistem", disse o primeiro-ministro, esta quarta-feira, em Lisboa, durante o lançamento do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.
Nesse sentido, as eventuais mudanças começam a ser desenhadas já no próximo ano: "Em 2018 iniciaremos uma análise aprofundada da fiscalidade sobre os combustíveis, de forma a serem devidamente internalizados os impactos ambientais associados à sua utilização", afirma António Costa, que acrescenta que entre as medidas a aplicar pelo Executivo socialista estará um aumento do preço da utilização do carbono, na tentativa de reduzir as emissões mais poluentes.
"Iremos revitalizar a taxa de carbono e estabelecer preços mínimos a adotar nos próximos anos, à semelhança do que outros países europeus fizeram, e reconhecendo que só com um preço de carbono forte se operará essa transição", sublinha.
Durante a apresentação do Roteiro, o primeiro-ministro apelou a uma mobilização de todos os setores da sociedade, para que a transição seja "eficiente e socialmente ancorada", no sentido de cumprir o objetivo de "descarbonizar a economia".
"O que se anuncia, sendo mais exigente, não é menos compensador para as famílias e as empresas", defendeu o primeiro-ministro.
Segundo o Executivo, os trabalhos deste Roteiro consistem na elaboração de cenários macroeconómicos até 2050, numa análise aos impactos e aos custos das emissões de carbono para a atmosfera.
No lançamento do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 esteve ainda o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que, à semelhança de António Costa também deixou um apelo: "Todos os setores estão convocados", disse, defendendo que é necessária uma atenção particular às áreas "da mobilidade e dos transportes".
No caso dos transportes, adianta, o setor é responsável por "24 por cento das emissões nacionais", garantindo que a descarbonização dos transportes "continuará a ser a nossa aposta".