Governo prepara-se para avançar com parcerias público-privadas em cinco hospitais, FNAM critica
O Executivo quer fazer regressar à gestão privada os hospitais de Braga, Loures, Amadora-Sintra e Vila Franca de Xira. À TSF, Joana Bordalo e Sá refere que "os bons resultados em Saúde apregoados pela ainda ministra Ana Paula Martins omitem toda a engenharia financeira e deixa de fora cuidados saúde complexos"
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O Governo prepara-se para avançar esta sexta-feira com o processo que permite o retorno das parcerias público-privadas (PPP) em cinco hospitais, avança o jornal Público. A resolução é alvo de críticas por parte da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) que, em declarações à TSF, insiste que as PPP são "ineficientes".
"Se no passado construíram hospitais de raiz em zonas carenciadas, no presente o que a população corre o risco de ver é gestão de instituições que sempre foram públicas, que são nossas, entregues a entidades privadas, cujo objetivo principal é apenas o lucro", sublinha a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, acrescentando que o Tribunal de Contas já concluiu que os modelos de PPP "são ineficientes e desequilibrados"
Segundo o jornal Público, o Executivo liderado por Luís Montenegro vai justificar com a degradação da qualidade dos serviços prestados nos hospitais de Braga, Loures, Amadora-Sintra e Vila Franca de Xira.
Além disso, o Governo prepara-se para argumentar com os elevados custos orçamentais, tendo por base os relatórios do Tribunal de Contas que indicam que os hospitais em regime de PPP geram poupanças para o Estado.
Para a FNAM, "os bons resultados em Saúde apregoados pela ainda ministra Ana Paula Martins omitem toda a engenharia financeira e que deixa de fora cuidados saúde complexos, dispendiosos, mas que são muito importantes para os doentes".
Estes acordos de transferência de gestão também obrigam à redução de custos em comparação com a gestão pública, o que conduz à deterioração dos cuidados de saúde prestados à população, como as relações laborais ficam mais precárias.
No Conselho de Ministros desta sexta-feira deverão ainda ser dados outros dois passos: iniciar o processo de avaliação dos atuais gatos destes serviços, um valor que depois vai servir de teto máximo para os contratos com os privados; e a preparação do futuro caderno de encargos para a realização de concursos públicos para a gestão interna dos cinco hospitais.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, já tinha falado na possibilidade de avançar para PPP em alguns hospitais.
O regresso das PPP acontece num contexto diferente do anterior, já que agora estes hospitais estão integrados em Unidades Locais de Saúde.