Presidente dos Administradores Hospitalares alerta para a necessidade de operar doentes graves, enquanto Ana Rita Cavaco pede resistência por parte dos enfermeiros.
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A greve dos enfermeiros estão em greve desde o dia 22 de novembro em cinco hospitais de Lisboa, Porto, Coimbra e Setúbal e já foram canceladas quatro mil cirurgias.
Alexandre Lourenço, presidente dos Administradores Hospitalares, alerta para o facto de haver doentes que não podem esperar muito tempo por uma intervenção. O responsável sublinha que a paralisação dos enfermeiros, que decorre há uma semana e meia e que vai prolongar-se até ao final do mês, está a deixar os blocos operatórios numa situação extremamente grave.
Neste sentido, Alexandre Lourenço explica que estão a ser afetados "doentes de extrema gravidade que aguardam cirurgia e que se não a tiverem em tempo útil vão ver o seu estado de saúde ou degradar-se ou não ser recuperável".
"Nunca vivemos uma situação desta natureza e estamos num estado de elevada preocupação sobre a saúde individual dos doentes", alerta.
Por este motivo, o presidente da associação dos administradores hospitalares defende que o Ministério da Saúde deve tomar uma posição: se não for possível parar a greve, então o governo que divulgue que casos graves são estes, em nome do interesse público.
"A população tem direitos, muita dela está a aguardar cirurgia o em casa, vê as cirurgias canceladas, não agendadas e é importante que todos tenhamos consciência da consequência desta greve que já perdura há praticamente duas semanas", justificou o responsável.
Do lado dos enfermeiros, Ana Cristina Cavaco, bastonária da Ordem, falou na abertura do Congresso da Secção Regional Sul da Ordem dos Enfermeiros e não percebe o porquê de o governo não chegar a acordo com a classe.
"É um caminho necessário, é um caminho que visa valorizar todas as pessoas incluindo o país, é um país que está doente, um país que não cuida do seu SNS e se chegarmos àquilo que poderá ser uma requisição civil, o que vos posso dizer é: resistam, porque estaremos cá para resistir por vocês", reiterou a bastonária em resposta às declarações do presidente dos Administradores Hospitalares.
Ana Rita Cavaco garante que entende o problema em relação ao adiamento de "quatro mil cirurgias", mas não percebe que "não se consiga chegar a acordo com uma classe a quem o país deve milhares de horas".
"Toda a gente percebe que é impossível vigiar a vida de alguém com estes números e que não se consiga dinheiro para resolver as questões da contratação", alertou a bastonária.
*com Guilhermina Sousa e Maria Augusta Casaca