Por enquanto, mantém-se o pré-aviso para o segundo período de greve, de 14 de janeiro a 28 de fevereiro.
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A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) vai desconvocar o primeiro de dois períodos de greve que tinham início este mês, uma forma de "criar espaço para as negociações" com o Governo.
Na prática, trata-se de um adiamento do inicio da greve, já que, como adianta a sindicalista Lúcia Leite, se mantém o período entre 14 de janeiro e 28 fevereiro.
"Os dois pré-avisos são sobreponíveis. As instituições são exatamente as mesmas. A diferença é que um iniciava a 7 de janeiro e o outro inicia a 14. Na prática, estamos a dar mais uma semana para que o entendimento entre estas duas organizações sindicais e o Governo venha a acontecer, de maneira a evitarmos que a greve comece."
Numa altura em que várias greves de enfermeiros marcam a atualidade noticiosa, vale a pena perceber como se organizam estes profissionais em termos sindicais.
O Governo tem nesta altura 3 mesas negociais em curso: uma com a CNESE (que junta o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e o Sindicatos dos Enfermeiros da Madeira); outra com a FENSE (que reúne o Sindicato dos Enfermeiros e o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem) e outra com a ASPE e o Sindepor.
Lúcia Leite, presidente da ASPE, adianta à TSF que a desconvocação do segundo o período de greve previsto pela Associação Sindical dos Enfermeiros vai depender da negociação com o governo, neste arranque do ano.
"Nós no dia 31 enviámos um ofício, fazendo uma análise pormenorizada da proposta do Governo. Nós já tínhamos feito essa análise oralmente, as reuniões em que estivemos presentes, demonstrando que ela não tinha grande espaço de negociação e desta vez fizemos uma análise por escrito para que fique formalizada a nossa posição e porque é que não podemos aceitar aquela proposta e solicitámos à senhora ministra que retirasse a sua proposta e que aceitasse a proposta da ASPE e do Sindepor como base negocial."
A ideia destes períodos de greve convocados pela ASPE era replicar o modelo da greve cirúrgica que decorreu em blocos operatórios de hospitais públicos entre dia 22 de novembro e final de dezembro e que levou ao cancelamento de cerca de 10 mil cirurgias, segundo os sindicatos.
Tanto a ASPE como o Sindicato Democráticos dos Enfermeiros (Sindepor), as duas estruturas que convocaram a greve cirúrgica, vão reunir-se na quinta-feira com a estrutura negocial do Governo.
O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) tem também uma greve geral de enfermeiros agendada para entre dias 8 e 11 de janeiro e segundo o presidente do sindicato, Carlos Ramalho, ainda não foi tomada até hoje ao início da tarde uma decisão para a desconvocar.
Os enfermeiros reivindicam uma carreira, que contemple a categoria de enfermeiro especialista, além de exigirem uma redução na idade da reforma.
Para a primeira greve cirúrgica, um movimento de enfermeiros conseguiu angariar mais de 360 mil euros para financiar os grevistas, numa recolha de fundos através de uma plataforma na internet. Atualmente decorre outra recolha de fundos que pretende angariar mais de 400 mil euros até ao dia 14 de janeiro e que até hoje ao início da tarde tinha mais de 160 mil euros.