Foi há 25 anos que Portugal lançou o seu primeiro satélite, o PoSAT-1. O "pai" do projeto recorda a tensão dos dias que antecederam a missão portuguesa.
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Portugal fez história há 25 anos, quando a 25 de setembro de 1993, na base de Kourou, na Guiana Francesa, foi lançado o primeiro satélite nacional, resultante de um esforço de um consórcio que juntou empresas e universidades.
O pai do PoSAT-1 foi o professor catedrático Fernando Carvalho Rodrigues que, em entrevista à TSF, recorda a tensão e o cansaço sentidos naquele dia memorável, depois de semanas de treinos para que tudo corresse de feição à missão portuguesa.
O físico não esquece também as palavras que escutou da boca de Nobre da Costa, o dono da EFACEC, a empresa que liderava o consórcio do PoSAT-1. "[Ele disse-me:] 'espero que saiba o que anda a fazer porque eu tenho lá 600 mil contos' - em moeda de hoje, 3 milhões de euros. Eu pensei para comigo: 'tarde demais porque agora já não há nada a fazer' ", conta.
O satélite acabaria por ser lançado com sucesso para o espaço e, em todo este processo, Fernando Carvalho Rodrigues ainda conseguiu ajudar o colega coreano que liderava o lançamento do satélite do seu país.
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O PoSAT-1 operou durante cerca de 15 anos, tendo sido utilizado para observação da terra e para telecomunicações por empresas de vários países, e até pelo exército português, em missões na Bósnia. Hoje, o aparelho, com cerca de 50 quilos e meio metro de altura, "ousa perturbar o universo" depois de ter sido desativado.
Fernando Carvalho Rodrigues fala com orgulho deste seu "filho", mas não esquece que ficou pelo caminho um outro projeto, o da criação de uma rede de 26 satélites, dos quais três iriam estar permanentemente sobre Portugal a garantir comunicações e a observar o território.
Orçamentada em 131 milhões de euros, a ideia nunca avançou por o país ter abandonado o processo de industrialização, defende. O físico considera que a aposta se revelou errada porque, com este abandono, o país "perdeu [a oportunidade de] estar no negócio do espaço a sério", um setor que movimenta muitos milhões.
O professor catedrático acredita, todavia, que Portugal ainda não perdeu a corrida espacial, elogiando o projeto do cluster português para as indústrias Aeronáutica, do Espaço e da Defesa, que quer colocar em órbita mais um satélite nacional até 2020.