Os médicos que trabalham no hospital fazem 24 horas de urgência todas as semanas e caso tem piorado nos últimos seis anos.
Corpo do artigo
TSF\audio\2019\03\noticias\13\11_antonio_pinto_rodrigues
O Hospital Central de Leiria vive uma situação particularmente grave e preocupante. O alerta é do Sindicato Independente Médicos e da Ordem dos Médicos, que revelam que o problema tem vindo a agravar-se nos últimos seis anos e está a atingir o caos das urgências.
A situação foi descrita na comissão de Saúde pela Ordem e pelo sindicato, que estiveram em sintonia no Parlamento, acompanhados por médicos que contaram os próprios casos.
O Hospital de Santo André aumentou para mais do dobro o número de utentes nos últimos anos, nomeadamente com o alargamento a Pombal, Alcobaça e, ultimamente, a Ourém e Fátima, mas o número de médicos nunca cresceu.
Miguel Pires, médico interno no Hospital Central de Leiria, conta que os "todos" os médicos fazem "24 horas de urgência todas as semanas", o que significa "muito mais do que as 40 ou 50 horas de trabalho semanal, porque temos os nossos doentes no internamento, que também aumentaram o número de camas e nós somos exatamente os mesmos".
O profissional de saúde entregou a carta de rescisão e pode juntar-se a outros 12 que já rescindiram, caso a situação não se inverta, algo que, para já, não está no horizonte.
As rescisões podem mesmo aumentar, tendo em conta o estado em que os trabalhadores do Hospital de Leiria se encontram.
"Eu vejo muita gente deprimida, essas histórias dos burnout... eu acho que há pessoas que já ultrapassaram o burnout, eu vejo regularmente pessoas que choram, pessoas desanimadas, pessoas que dizem 'eu durmo mal, vou para casa muito mal' e isto não se passava. Estamos a atravessar uma crise grave, os profissionais estão de rastos", realça o ortopedista Rui Gameiro.
O médico assegurou que no hospital eram operados todos os doentes de ortopedia, deixando claro que "nenhum doente saía do hospital para ser operado numa instituição privada".
"A nossa lista de espera de consulta estava em dois ou três meses, eu faço privada e, às vezes, a minha consulta privada era mais demorada que a do hospital", recorda, descrevendo que a situação se complicou muiti nos últimos sei anos.
O Hospital de Leiria conhece por vezes o caos, sobretudo no serviço de urgências, onde, relatam os médicos, há doentes que permanecem cinco ou seus dias nas urgências.
E há casos em que alguns ficam sem reavaliação médica mais de um dia.
A Administração do Hospital e a ministra da Saúde são ouvidos sobre este caso na próxima sexta-feira.