Já enviaram postais. Japão faz aterrar dois robôs na superfície de um asteróide
A agência espacial japonesa JAXA anunciou o sucesso da missão neste sábado.
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O Japão fez história na exploração espacial. Este sábado, a agência espacial japonesa JAXA anunciou que conseguiu fazer aterrar dois robots não tripulados na superfície do asteroide Ryugu, algo que nunca tinha sido feito até aos dias de hoje.
"Os dois robôs estão em boas condições e a transmitir sons e dados", revelou a JAXA depois dos dois robôs, conhecidos como unidade MINERVA-II1, se terem separado da nave que os transportou até ao asteroide, a Hayabusa2. Esta é a primeira missão espacial na qual é feito aterrar um robô na superfície de um corpo celeste deste género.
O Ryugu é um corpo rochoso com a forma de um diamante e orbita o Sol, demorando 474 dias a completar uma órbita. O interesse dos cientistas neste asteroide nasce, sobretudo, da chave que o mesmo pode representar para perceber os processos de formação do sistema solar.
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"Fiquei abismado com o que conseguimos alcançar no Japão. Este é o verdadeiro charme da exploração do espaço profundo", disse Takashi Kubota, porta-voz da JAXA à CNN.
O processo de aproximação
A Hayabusa2 começou a sua aproximação ao Ryugu a partir de uma altitude orbital de cerca de 20 quilómetros, na tarde de quinta-feira.
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Quando estava a cerca de 100 metros da superfície do asteroide, enviou para a Terra a foto que todos queriam ver: a da sua sombra projetada sobre a superfície do Ryugu, sinal de que estava suficientemente perto do asteroide com mais de um quilómetro de largura.
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A equipa de investigadores responsáveis pela missão acredita que o Ryugu é "rico em água e materiais orgânicos", o que lhes permitirá "clarificar as interações entre os materiais de formação da Terra e a evolução dos seus oceanos e vida, o que se define como a ciência do sistema solar", explica a JAXA.
Os fotógrafos
Ambos os robôs estão equipados com várias câmaras - um tem quatro, outro tem três - que permitem tirar fotografias estereoscópicas, ou seja, que permitem medir a profundidade das imagens, conhecendo a distância entre pontos ou objetos representados nelas.
Sensores de temperatura, sensores óticos, acelerómetros e giroscópios também fazem parte do conjunto de instrumentos dos robôs.
Mais um companheiro de viagem
Prevista para o final do mês de outubro está a chegada de um terceiro robô - o MASCOT - que se vai juntar aos MINERVA-II2.
Este terceiro "mosqueteiro espacial" vai ser lançado da Hayabusa2 no início do mesmo mês e tem como objetivo fazer rebentar uma pequena quantidade de explosivos, de modo a abrir uma cratera no asteroide que permita recolher amostras de material que não tenha estado exposto ao espaço. Ou seja, que estivesse enterrado.
Recolhidas e examinadas estas amostras espaciais, a Hayabusa2 vai deixar o Ryugu em dezembro de 2019, devendo estar de regresso à TERRA no final de 2020, trazendo a bordo todas as amostras.
Caso seja bem-sucedida, diz a JAXA que esta será a "primeira missão que traz de regresso à Terra amostras de um asteróide de tipo C".
No meio de todos estes prazos há um objetivo: bater a NASA em missões deste tipo. É que a agência norte-americana tem também uma missão deste tipo na mira, mas cujo regresso à Terra só está previsto para 2023.