
Júlio Lobo Pimentel/Global Imagens
Governo apresenta esta quarta-feira plano para reformar os cuidados de saúde primários, onde se incluem os centros de saúde. Falta de médicos de família afeta mais de um milhão de portugueses.
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O Coordenador Nacional para a reforma do Serviço Nacional de Saúde na área dos Cuidados de Saúde Primários garante que a solução para a falta de médicos de família não pode continuar a ser dar mais utentes a cada clínico.
Em entrevista à TSF, Henrique Botelho, que apresenta esta quarta-feira o plano delineado com o Governo, defende que o caminho seguido pelo anterior executivo sobrecarregou demasiado muitos médicos.
Razões que levaram a última medida anunciada pelo anterior Ministro da Saúde, que incluía incentivos financeiros para que os médicos de família aceitassem mais utentes, a não ter grande adesão.
O responsável sublinha que a falta de médicos de família, que ainda atinge mais de um milhão de portugueses, vai ser resolvida de várias formas. Mas o meio principal será a fixação dos jovens acabados de sair do internato e que nos últimos anos, segundo afirma, foram "afugentados do país".
Henrique Botelho promete medidas concretas que em dois ou três anos vão resolver a falta de médicos de família, sublinhando que o Ministério pretende aproveitar o "número muito considerável de jovens médicos que sabemos que nos próximos cinco anos vão acabar o internato da especialidade, ou seja, perto de 400 por ano".
O importante, defende o responsável pela reforma dos cuidados de saúde primários do SNS, é "tratar bem" estes jovens médicos, e é isso que o Governo irá fazer.
Henrique Botelho admite que as saídas para as aposentações podem vir ser um problema, mas, se tudo se mantiver como está, estes jovens médicos vão permitir resolver a crónica falta de médicos de família que atinge com mais força algumas zonas do país, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa.
Uma medida com obstáculos
A Associação de Médicos de Medicina Familiar considera que a colocação de jovens profissionais nos centros de saúde é uma boa ideia, mas antecipa desde já um obstáculo burocrático. O presidente Rui Nogueira lembra que, para além dos prazos dos exames, é preciso abrir um concurso extraordinário para a admissão destes profissionais. E normalmente, com um novo Governo, demora mais tempo a avançar.
Rui Nogueira espera que esta dificuldade seja contornada e apresenta solução ao ministro da Saúde - períodos fixados na lei em maio e em novembro para estes concursos.
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