A tarifa do lixo deixou de estar indexada ao consumo de água. Num incentivo à reciclagem, os moradores e comerciantes passam a pagar apenas pela quantidade de lixo indiferenciado que produzem.
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Através do sistema PAYT (pay-as-you-throw), implementado no início do ano, quem separar mais lixo para reciclagem menos paga pela recolha.
Uma viatura elétrica passa a diferentes horas do dia para proceder à recolha em cada casa ou estabelecimento comercial. Hermínia aguarda na soleira da porta que a equipa chegue. "Até aqui tinha que mandar comprar os saquinhos para o lixo, mas agora até os vêm trazer à porta. Além disso, deixou de se ver lixo na rua, está tudo muito mais limpo", elogia.
A tarifa do lixo deixou de ser paga em função da água consumida e os moradores passaram a pagar 34 cêntimos por cada saco de 30 litros. O reciclável é recolhido gratuitamente. Quer isto dizer que quanto mais lixo for separado menos paga o utilizador. "Se até eu aprendi a separar o vidro do cartão e do plástico, que tenho 83 anos", atira Hermínia, moradora do Centro Histórico.
Se nos estabelecimentos comerciais o novo sistema está em pleno funcionamento, nos utilizadores domésticos ainda há resistências. "Muitas vezes não querem perceber. Dizem que não percebem a finalidade do sistema e nesses casos vamos falar com as pessoas e explicamos que o sistema garante um benefício na fatura de resíduos para quem faz a reciclagem. No final, acabam por aderir e comprar os sacos", revela Dalila Sepúlveda, a autora do projeto.
O sistema PAYT é obrigatório para quem mora no perímetro do Centro Histórico e quem não cumpre tem levado, para já, advertências, mas estão previstas multas que começam nos 250 euros. O objetivo é promover a reciclagem e reduzir o impacto ambiental.
"O PERSU [Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos] 2020, que temos que cumprir, tem como metas a diminuição da produção de resíduos e o aumento exponencial da recolha seletiva. E nestes três meses - de funcionamento do PAYT em Guimarães - a recolha seletiva já aumentou mais de 100%, ou seja, as pessoas estão a separar mais e, por outro lado, diminuímos a quantidade de resíduos depositados na rua", adianta Dalila Sepúlveda.
Desde o início de abril, quando o sistema entrou oficialmente em vigor, depois de uma fase experimental, foram vendidos cerca de 1200 sacos a um universo de 600 utilizadores, entre moradores e comerciantes.