Estudo de Universidade Norueguesa faz notar que, com o aumento do tamanho médio de cada ser humano, vai aumentar também a necessidade nutricional energética.
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O ser humano não tem sido meigo no que diz respeito à exploração de recursos naturais e, nos próximos anos, há algo que não podemos controlar e que vai contribuir ainda mais para isso. Vamos ficar mais altos, mais pesados e vamos precisar de comer mais, pelo que vamos precisar de gastar ainda mais recursos do planeta Terra para sobrevivermos. Posto de forma simples, vai ser mais difícil alimentar 9 mil milhões de pessoas em 2050 do que seria alimentar esse mesmo número de pessoas hoje em dia.
As conclusões são de um estado feito pela Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), que prevê que caso sejam cumpridas as projeções de que, em 2050, a população humana atingirá números superiores a 9 mil milhões, o aumento do tamanho médio do corpo vai constituir um desafio extra no combate à fome a nível mundial.
Os investigadores fazem notar que, até aqui, as projeções e cálculos eram feitos tendo em conta um adulto comum, cujas necessidades nutricionais se mantêm as mesmas ao longo do tempo. "Estas pressuposições podem levar a erros no que diz respeito ao cálculo da quantidade de comida de que vamos precisar no futuro", explicam. Com base nas tendências mais recentes, para alimentar mais de 9 mil milhões de pessoas em 2050 vão ser necessárias "no total, mais calorias do que as que seriam precisas para alimentar a mesma quantidade de pessoas hoje em dia".
Publicado na revista Sustainability , o estudo analisa as alterações observadas nas populações de 186 países entre os anos de 1975 e 2014, tendo por base dados das Nações Unidas.
A equipa de investigação concluiu que, ao longo do tempo, o ser humano tornou-se mais pesado e alto, o que levou a uma mudança no número de calorias de que cada pessoa necessita para se sustentar. Neste período de 39 anos, o adulto comum tornou-se 14% mais pesado, 1,3% mais alto e passou a gastar mais 6,1% de energia. Em 1975, o consumo calórico médio era de 2.465 calorias por dia. Em 2014, o número aumento para 2.615.
Embora este aumento da quantidade de calorias gastas pareça diminuto, a verdade é que nestes mesmos 39 anos, traduziu-se num aumento de 129% no consumo de comida. Os investigadores concluíram só o aumento da população traduziu-se num aumento de 116% no consumo de comida, enquanto os restantes 15% se devem ao aumento do peso e altura. Aqui no meio há uma redução de 2% - de outra forma, as contas não bateriam certo - que se deve à natural diminuição da comida ingerida à medida que cada pessoa envelhece.
Se estas contas já não eram simples, os investigadores da NTNU encontraram ainda uma nova dimensão que lhes acrescentou ainda mais complexidade: o peso médio de cada pessoa nos diferentes países. Por exemplo, o peso médio de um adulto no Tonga é de 93kg, enquanto no Vietnam é de apenas 52kg. Para dificultar ainda mais, o estudo permitiu descobrir que o peso médio está a mudar a velocidades muito diferentes em cada país, o que sugere que as necessidades nutricionais, de território para território, têm sido e vão continuar a ser muito diferentes.
Apesar destes dados, por todo o planeta os países têm observado um aumento das necessidades nutricionais devido ao tamanho médio de cada pessoa. A janela temporal de 39 anos é apenas uma janela, sendo que não permite olhar para a história mais antiga, de forma a criar um modelo das alterações de estatura e peso dos humanos.