Mais de 50% dos doentes de alto risco não são aconselhados pelo médico a tomar vacina
Mais de metade dos doentes com alto risco de contrariar pneumonia não são aconselhados pelo médico de família a vacinar-se contra a doença, que pode ser mortal. A conclusão surge num estudo do Movimento Doentes Pela Vacinação.
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Apesar de a taxa de mortalidade por pneumonia em Portugal ser o dobro da média europeia, e da recomendação da Direção Geral da Saúde (011/2015) sobre a vacinação de adultos com risco acrescido de contrair doença invasiva pneumocócica, 55% desses doentes não são aconselhados pelo médico de família a vacinar-se contra a pneumonia.
Diabetes, asma, doença pulmonar obstrutiva crónica, doença hepática crónica, doença cardíaca, doença renal e VIH são apenas alguns exemplos de doenças que aumentam em grande escala a probabilidade de contrair e desenvolver pneumonia.
Um estudo do Movimento Doentes Pela Vacinação (MOVA), a que a TSF teve acesso, revela que os profissionais de saúde apostam pouco na prevenção. Isabel Saraiva, fundadora do MOVA e presidente da Fundação Europeia do Pulmão, admite que os números são preocupantes e aconselha os clínicos a estarem "ainda mais atentos às condições de saúde dos doentes que assistem e acompanham, apostando na prevenção."
Isabel Saraiva diz que é preciso informar e semear conhecimento entre os profissionais de saúde, mas também entre a população em geral para combater os mitos sobre a vacinação: "Muitas vezes as pessoas pensam que as vacinas são matéria de infância e juventude e que a partir da idade adulta não há tanta necessidade de vacinas. Por outro lado, as pessoas sabem que a pneumonia é uma doença grave e mortal, mas não passa disso. Há um desfasamento entre o conhecimento que as pessoas dizem ter da doença e o passo que têm que dar para evitá-la".
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O estudo do MOVA, conhecido no arranque da Semana Europeia da Vacinação, revela ainda que menos de metade dos adultos fala de vacinas quando vai ao médico e que 66% desconhece a existência da vacina para a pneumonia.
"A taxa de mortalidade por pneumonia em Portugal é o dobro da taxa de mortalidade da União Europeia. Estamos certos que uma maior cobertura de vacinação será muito importante para as doenças crónicas, grupos de risco e para as pessoas acima dos 65 anos", considera Isabel Saraiva.
Em entrevista ao Público , a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, admite que a está a ser estudada a hipótese de alargar a vacina contra a pneumonia a todas as pessoas acima dos 65 anos, o que era há muito pedido pelos pneumologistas
Atualmente a vacina só faz parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV) para crianças e adultos que integram grupos de risco.
O estudo do MOVA "Perceções sobre Vacinação", contou com 661 inquiridos, maiores de 18 anos, residentes em Portugal e decorreu entre 25 de março e 16 de abril de 2019.