Mais de vinte figuras da saúde escrevem aos deputados preocupadas com Lei de Bases

Regis Duvignau/Reuters
Especialistas preocupados com cuidadores informais, setor social e privado, mas também a falta de atenção à prevenção de doenças.
Mais de vinte figuras da área da saúde escreveram uma carta aberta aos deputados. Em causa preocupações com o texto da Lei de Bases da Saúde que está em discussão no Parlamento.
Entre os signatários estão, entre outros, os presidentes de sete associações médicas, o bastonário dos médicos, a bastonária dos farmacêuticos e o presidente da Liga de Bombeiros.
O texto a que a TSF teve acesso alerta para quatro problemas, entre eles, como explica o presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, a falta de atenção dada aos cuidadores informais.
Duarte Soares diz que o país leva anos de atraso nesta matéria, mas é preciso proteger quem sofre de doenças progressivas e os familiares que cuidam destas pessoas, sendo que "continuamos a ignorar estas ações políticas que devem efetivamente servir aqueles que estão em maior situação de vulnerabilidade e fragilidade social".
A carta aberta sublinha que Portugal tem "a mais alta taxa de cuidados domiciliários informais da Europa", dizendo que "excluir uma base própria para os Cuidadores Informais traduz-se num desperdício de oportunidade em criar as condições legais para promover o papel da família e da comunidade, da sua proteção e capacitação para as próximas décadas", afastando o país das políticas sociais e de saúde europeias.
Falta de atenção ao privado e às instituições sociais
As mais de vinte figuras que assinam o documento lamentam ainda o papel secundário que a Lei de Bases dá ao setor privado e, sobretudo, ao setor social: "É preciso reconhecer que o setor privado e social em muito contribuíram para a saúde em Portugal, sobretudo em áreas onde o Serviço Nacional de Saúde não investiu de forma tão forte".
A carta detalha que "considerar como supletiva e temporária a gestão, devidamente regulada, dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde por parte de entidades da economia social, solidária ou privada não dignifica o caminho percorrido pelo setor da saúde em Portugal", "menosprezando, limitando e menorizando o empenho de todos os que de forma abnegada trabalham para servir as pessoas doentes".
A carta aberta para os deputados estranha ainda que a lei de bases dê pouca atenção à prevenção de doenças, à saúde pública, bem como a um financiamento que incentive "os verdadeiros resultados em saúde".
O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, recorda à TSF que é muito mais barato e eficaz prevenir do que tratar.