
Rui Oliveira / Global Imagens
Registo oncológico mostra aumento de casos e a culpa não é só de uma população mais velha.
Corpo do artigo
O número de doentes com cancro nos distritos de Beja, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Portalegre, Santarém, Setúbal e Região Autónoma da Madeira, que reúnem quase metade da população portuguesa, aumentou, em média, 17% entre 2001 e 2011.
Apesar ainda matarem bastante, há contudo cada vez mais portugueses a sobreviverem a um tumor. A diretora do Registo Oncológico Regional do Sul, Ana Miranda, dá dois exemplos com resultantes muito distantes: ao fim de 3 anos de deteção da doença, a sobrevivência ao cancro da mama chega agora aos 87%. No outro extremo, no cancro do pulmão é de apenas 14%.
Os dados que serão esta quinta-feira divulgados em Lisboa revelam ainda que os tipos de cancro mais comuns em Portugal continuam a ser mama, próstata, cólon, traqueia, brônquios e pulmão, estômago e recto.
O Registo Oncológico do Sul revela ainda que a incidência de casos de cancro passou de 360 casos por 100 mil habitantes em 2001, por ano, para 421 em 2011, algo que segundo Ana Miranda, pela análise estatística que fizeram, não está apenas relacionado com o envelhecimento da população portuguesa.
A responsável pela maior base de dados de estatísticas oncológicas em Portugal (e uma das maiores da Europa) adianta à TSF que as razões são várias, mas destaca a maior frequência dos rastreios e o melhor diagnóstico, mas também os muito maus hábitos alimentares da população portuguesa sobretudo na década de 80 e 90 que agora começam a ter os seus efeitos nos casos de cancro.
Nos últimos anos a especialista nota uma mudança de hábitos e um regresso a uma alimentação mais saudável, mas o problema é que os efeitos dessa alteração só se vão notar dentro de décadas. Hoje, diz, "estamos a sofrer os efeitos desvios do passado à boa alimentação".