Médicos e Enfermeiros falam em situação de "calamidade" devido a lei das 35 horas
O bastonário da Ordem dos Médicos antecipa situações complicadas nos hospitais portugueses por causa da Lei das 35 horas. Já a bastonária dos Enfermeiros exige respostas por parte do Governo.
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No Fórum TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que as consequências da medida que estabelece um novo horário de 35 horas semanais para os profissionais da Saúde já são visíveis.
Miguel Guimarães defende que as única solução é contratar mais pessoal, sobretudo porque este é um período em que muitos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) já estão de férias. "Fazê-lo nesta altura pode não ter sido a melhor escolha", frisou.
"As consequências já estão a ser vistas e isto ainda mal começou: já foram encerradas camas de internamento em alguns hospitais; já estão a ser suspensos tempos de bloco operatório,... E, provavelmente, a situação vai agravar-se nos próximos tempos", previu o bastonário.
"Sem contratar as pessoas que o sr. ministro [da Saúde] anunciou - porque, aparentemente, ainda falta a autorização do ministro das Finanças -, é evidente que vai ser difícil, neste momento, ser responsável por um hospital", constatou.
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O bastonário da Ordem dos Médicos queixa-se de que os profissionais da Saúde terão agora "uma pressão muito maior sobre si".
"Quem está nos hospitais, quem tem os doentes à frente, quem tem que vigiar, por exemplo, 10 doentes... É uma situação complicada para quem fica no terreno e dá o corpo ao manifesto", alega. "Esperemos que nada de grave aconteça".
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Também a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, considera que "a procissão ainda vai no adro" e que a situação nos hospitais irá agravar-se.
"Ainda só temos metade dos hospitais a cumprir, efetivamente, as 35 horas. Todos os outros [hospitais] ainda estão a 40 [horas] e já é esta calamidade", disse Ana Rita Cavaco.
Na opinião da bastonária, a lei das 35 horas vem agravar um problema "crónico" de falta de enfermeiros. "Há anos que, em equipas onde deveríamos ter 15 enfermeiros, temos 10", queixa-se.
"Tem que haver respostas por parte do Executivo. Temos um Ministério da Saúde que está de pés e mãos atadas, não tem autorização para nada. Estes 2.000 profissionais que o sr. ministro [da Saúde] disse que iria contratar este mês ainda não chegaram e nem sabemos quantos deles serão enfermeiros", rematou.
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Já esta terça-feira, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses alertou para as consequências do encerramento de camas , na Unidade Local de Saúde da Guarda, devido à escassez de recursos humanos. Ana Rita Cavaco alerta que a população da Guarda está desprotegida.
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*com Manuel Acácio, Nuno Domingues e Rita Costa