Médicos não recorrem aos tribunais porque ministra "reconheceu" que não houve proposta
Ordem dos Médicos admitia recorrer aos tribunais depois das declarações de Marta Temido, que adiantava terem existido propostas de 500 euros à hora para prestação de serviços por parte de anestesistas.
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A falta de um anestesista na Maternidade Alfredo da Costa (MAC) durante o natal continua a gerar um braço de ferro entre a Ordem dos Médicos e o Ministério da Saúde, mas o bastonário Miguel Guimarães rejeita agora a ideia de que os médicos venham a avançar para os tribunais na sequência das declarações da ministra Marta Temido. Em causa está o preço que terá sido proposto para que um anestesista trabalhasse na época de natal.
O Governo, pela voz da ministra Marta Temido, garantiu que o funcionamento da maternidade não estava comprometido, mas chegou mesmo a afirmar que nem o pagamento de 500 euros por hora a um anestesista tinha conseguido colmatar a falta de um especialista durante o dia 24 de dezembro. Afirmações que levaram a que a Ordem dos Médicos exigisse, num comunicado , que a ministra divulgasse "publicamente os documentos oficiais emitidos pelo Centro Hospitalar Lisboa Central que comprovem as suas palavras ou, em alternativa, a dizer a verdade aos portugueses".
No mesmo comunicado, dado a conhecer esta quinta-feira, a Ordem dos Médicos exigia mesmo um "desmentido tão público quanto o foram estas falsas notícias", sublinhando que poderia mesmo "recorrer aos tribunais dado o caráter ofensivo e indigno para os médicos" das declarações proferidas por Marta Temido. Agora, e depois de o ministério da Saúde ter avançado com um comunicado em que afirma que "existiu uma proposta" de 500 euros por hora "por parte dos prestadores de serviço", o bastonário da Ordem dos médicos garante que recorrer aos tribunais não é um cenário em cima da mesa.
"Neste momento, essa é uma questão que não se coloca, porque, com este comunicado, a senhora ministra reconheceu que afinal a proposta de contratar médicos pelo valor que referiu não partiu do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC). Foi uma proposta que chegou por parte de uma empresa e de um anestesista, não foi uma proposta que desse oportunidade às pessoas de irem trabalhar", disse à TSF o bastonário Miguel Guimarães.
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No mesmo sentido, o bastonário da Ordem dos Médicos, garante só ter tido conhecimento de propostas que revelam que o CHLC utilizou o valor máximo possível de acordo com a lei.
"O que tenho conhecimento e que me foi comunicado pela presidente do Conselho de Administração do CHLC, é que a proposta que foi feita, por escrito e dirigida às empresas habituais e anestesiologista, foi de 39 euros por hora, ou seja, o centro hospitalar utilizou o valor máximo legalmente possível, porque há legislação sobre esta matéria", acrescenta o bastonário da Ordem dos Médicos.
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Miguel Guimarães esclarece ainda o que pretende ver esclarecido por parte de Marta Temido: "O que pedi à ministra, depois da polémica em que a Ordem foi envolvida por milhares de médicos, é ver os documentos oficiais do Centro Hospitalar de Lisboa Central a pedir a contratação de médicos de anestesiologia".
Também o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) já veio a público recordar que o que a lei estabelece para contratação de serviços médicos e diz que a Maternidade Alfredo da Costa não poderia contratar serviços médicos a mais de 39,43 euros por hora, tendo em conta os limites estabelecidos num despacho de 2018.