Após fuga de três reclusos de Caxias, a Ministra da Justiça garante que não há um problema de segurança nas cadeias, mas admite que é preciso uma "concertação" para melhorar os métodos de captura.
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"Não há um problema de segurança nas cadeias portuguesas. Pode haver, pontualmente, dificuldades de articulação, mas elas serão abordadas no local próprio", disse Francisca Van Dunem, à saída da audição, à porta fechada, na comissão parlamentar de Direitos, Liberdade e Garantias.
No dia 19 de fevereiro, três reclusos fugiram do Estabelecimento Prisional de Caxias. Os dois cidadãos estrangeiros, de origem chilena, acabaram capturados em Espanha, enquanto o recluso de origem portuguesa ainda não foi capturado.
Aos jornalistas, após a audição requerida pelo PSD para abordar a origem da fuga dos três reclusos, a ministra da Justiça garantiu, no entanto, que a segurança das prisões não está em causa.
Sublinhando que uma fuga para o exterior do país implica, da parte dos serviços prisionais, dos órgãos de polícia criminal e das autoridades judiciárias - e, em particular do Ministério Público - uma "concertação" que permita "mais facilmente" acionar todos os meios necessários à captura, a ministra afirma ainda: " Não há um problema de desarticulação, é um problema de aperfeiçoamento dos canais".
À saída da audição, Francisca Van Dunem adiantou ainda que, nos últimos quatro anos, fugiram das cadeias portuguesas um total de 52 reclusos, mas que esses casos "foram adequadamente tratados, não se tendo verificado nenhum problema de articulação".
Questionada sobre o facto de a audição se ter realizado à porta fechada, a ministra adiantou que se tratou de um pedido da própria, por se tratar de uma audição sobre "questões de segurança do estabelecimento" prisional em causa, tendo "caráter reservado".
PSD entende que falta de articulação é uma evidência
Pelo PSD, que apresentou o requerimento para a audição da ministra, Fernando Negrão, deputado e ex ministro da Justiça, disse que o encontro com a ministra não deu aos deputados "ddos concretos" sobre o caso de Caxias, mas, ainda assim, serviu para que os social-democratas ficassem convencidos de que há mesmo um problema de articulação.
"Existe um problema de articulação entre os serviços prisionais e as outras instituições, designadamente órgãos de polícia criminal e tribunais, no que respeita à fuga de reclusos dos estabelecimentos prisionais", disse.