Marta Temido diz que não será possível responder positivamente a reivindicações que ultrapassem certas "balizas" e adianta que, até agora, o Governo já disponibilizou 200 milhões de euros para reivindicações.
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Em dia de reuniões entre Governo e estruturas sindicais dos enfermeiros, a ministra da Saúde rejeita que as negociações com os sindicatos sejam um "braço-de-ferro", sublinhando que o Executivo socialista tem feito um esforço para criar melhores condições para os profissionais.
Marta Temido esteve no parlamento, onde se reuniu com os deputados do PS para falar sobre a lei de Bases da Saúde. À saída, defendeu que tem sido feito um "grande esforço" por parte do Governo e adiantou que as reivindicações das estruturas sindicais implicam uma despesa de mais 300 milhões de euros.
"O caminho que nós já andamos é um caminho que importa 200 milhões de euros só para esta profissão. O caminho que agora nos pedem vai para além dos 500 milhões de euros em termos de efeito remuneratório se todas as reivindicações fossem atendidas", disse Marta Temido, que sublinhou: "Não é possível fazê-lo todo".
Perante os jornalistas, a ministra da Saúde assinalou que não será possível atender a todas as reivindicações porque, em primeiro lugar, é preciso olhar para a "sustentabilidade" das contas públicas e ter em conta a "satisfação das necessidades dos cidadãos".
E acrescenta: "A ministra da Saúde e o Governo não são nem ministra da Saúde dos profissionais de Saúde nem Governo apenas das reivindicações profissionais, têm que, em primeira mão, satisfazer o interesse público e depois têm de garantir equidade entre o tratamento das várias profissões e sustentabilidade a longo prazo. Não podemos fazer escolhas que ultrapassem essas balizas".
O Governo e os sindicatos de enfermeiros retomaram, esta quinta-feira, as negociações, depois de as duas estruturas sindicais responsáveis por convocar a greve cirúrgica terem suspendido a paralisação que deveria ter começado na segunda-feira como sinal de "boa-fé" negocial.
As duas estruturas adiantam, no entanto, que as greves nos blocos operatórios só são desconvocadas se forem assumidos pelo ministério da Saúde os compromissos exigidos pelos sindicatos na reunião marcada para esta quinta-feira.
Lei de bases será "melhorada" e "aprofundada"
No final da reunião com o grupo parlamentar do PS, com quem discutiu a lei de Bases da Saúde, Marta Temido garantiu que a proposta do Governo sobre esta matéria não está fechada e que será ainda "melhorada" e "aprofundada" pelos deputados.
"O Governo percebe bem que o que apresentou é a sua proposta", disse a ministra da Saúde., poucos dias antes de a Assembleia da República debater, em plenário, a revisão da atual lei de bases da saúde, que conta ainda com propostas de PSD, CDS-PP e PCP.
Pelo PS, a deputada e vice-presidente do grupo parlamentar, Jamila Madeira, admite que os socialistas podem fazer propostas de alteração ao texto do Governo. "Só o trabalho na especialidade o dirá. Vamos ver onde se posicionam os verdadeiros defensores do Serviço Nacional da Saúde. O debate está em curso", disse.