Não há refeitório nem biblioteca, mas há ratos. As más condições da Escola António Arroio
As obras que tiveram início há quase uma década nunca foram acabadas e o entulho acumula-se no recreio. A TSF passou a manhã na Escola Artística António Arroio, em Lisboa, onde ouviu os protestos dos alunos e da direção.
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As obras começaram em 2009, mas nunca mais foram concluídas. Em agosto deste ano, o serviço municipal de Proteção Civil emitiu um alerta para o risco grave de um acidente na Escola Artística António Arroio, em Lisboa.
Os alunos continuam a chegar diariamente a uma escola onde não há biblioteca, nem salas para os ateliers em condições, nem refeitório. Almoçam sentados na rua, em frente ao portão.
O entulho das obras inacabadas? Esse ficou. "Abandonaram-no completamente". Está acumulado pela escola, embora não seja nenhuma "manifestação artística". "Foi mesmo dinheiro mandado fora", diz-nos Xavier Lousada, presidente da Associação de Estudantes.
Além do entulho, há outro problema, este com quatro patas e capacidade de locomoção: "É a terceira ou quarta vez que encontram ratos nas oficinas de gravura", revela Xavier.
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Foi isso que levou os estudantes a manifestarem-se na última sexta-feira, frente à Assembleia da República, denunciando a falta de condições da escola.
Rui Madeira, o diretor da Escola Artística António Arroio, diz-se de "pernas cortadas". O dinheiro para a conclusão das obras, garante, existe. "[Há] uma verba de 1,7 milhões de euros para 2019 e 2,1 milhões para 2020 para se poder avançar com a obra", indica.
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Quanto ao espaço de refeições, foi lhe prometida uma solução até ao final do ano. "Temos a promessa de, ainda durante este ano, ser instalado um contentor para fazer um novo bar. O bar que existe está completamente degradado, são contentores já com oito ou dez anos de existência, em que cai água. Deixámos de ter um espaço para comer com dignidade", afirma o diretor. "Comemos no chão", lê-se num dos cartazes.
É para expor todos estes problemas que os professores da Escola António Arroio se reúnem esta manhã com o grupo parlamentar do PSD.
À TSF, Margarida Mano, deputada social-democrata e coordenadora da Comissão de Educação e Ciência no Parlamento, diz que a situação da Escola Artística António Arroio é "inaceitável".
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"Este problema tem dimensões a que não podemos ser alheios", afirmou, denunciando a falta de investimento público na escola. Um investimento que, sublinha, é da responsabilidade do Governo.
A única coisa "que a Assembleia da República pode fazer é acompanhar e fiscalizar" o problema, lamentou.