
Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros
Filipe Amorim /Global Imagens
Depois da polémica com as declarações à Rádio Renascença, Ana Rita Cavaco afirma que apenas se referiu a um "assunto que se discute todos os dias" nos hospitais. Ministério Público e Inspeção Geral das Atividades em Saúde estão a investigar.
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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros afirma-se de consciência tranquila, porque aquilo que disse "está gravado". Ouvida pela TSF, Ana Rita Cavaco diz agora que "nunca presenciou" qualquer situação de eutanásia no Serviço Nacional de Saúde, até porque, se o fizesse, estaria a ir contra o Código Deontológico da profissão.
"É um assunto que se discute todos os dias em equipa" nos hospitais, garante a bastonária dos enfermeiros, mas acrescenta que "nunca disse que isto se pratica ou que é o que as pessoas fazem ou que foi isso que vi fazer".
Na entrevista à Renascença, no sábado, Ana Rita Cavaco afirmou que "estas coisas acontecem, existem por baixo do pano". Questionada sobre a que se referia quando falou em "estas coisas", a bastonária assegura que estava apenas a falar dessa discussão diária entre elementos das equipas médicas.
Ana Rita Cavaco sublinha também que essa discussão nunca teve resultados práticos, ou seja, a concretização da eutanásia.
Quanto à Ordem dos Médicos, que considerou as declarações graves e levianas, e anunciou que iria pedir a intervenção do Ministério Público, a responsável lamenta que os médicos não tenham tido a mesma posição, quando denunciou a insuficiência de enfermeiros, o que coloca em risco a vida dos doentes.
Ministério Público e IGAS investigam
Depois do anúncio do Ministério da Saúde de que pediu à Inspeção Geral das Atividades em Saúde para investigar as declarações de Ana Rita Cavaco, também o Ministério Público resolveu averiguar.
Numa resposta enviada à TSF, o gabinete da Procuradora Geral da República escreve que "o Ministério Público, sempre que tem conhecimento de factos suscetíveis de integrarem a prática de crimes, age em conformidade através da instauração do competente inquérito".
Sobre estas investigações, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros diz-se "obviamente" disponível para colaborar. Mas avisa que "tem que ser ouvida sobre aquilo que disse, e não sobre o que não disse".