O "claustro" que prova que a ciência não tem fronteiras faz 10 anos
Paulo Freitas, diretor-geral adjunto da instituição, esteve na Manhã TSF, numa emissão especial em Braga com Fernando Alves, a contar como foram os últimos dez anos de trabalho. "O objetivo tem sido conseguido gradualmente", garante o responsável.
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O Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) comemora dez anos de vida. Em tempos, naquele mesmo terreno, houve um parque de diversões, a conhecida Bracalândia, mas há uma década começou a erguer-se uma espécie de "catedral da ciência".
O Presidente da República fala num "grande ator científico e de inovação", onde têm sido conseguidas várias "conquistas" na capacidade de "antecipação, cooperação e abertura". "O INL mostra como é importante anteciparmos o futuro e prepararmo-nos, num tempo de mudanças rápidas e aceleradas", disse Marcelo Rebelo de Sousa, enaltecendo os feitos do Laboratório que "se tornou presente de muitas formas na indústria e nas nossas vidas diárias".
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A TSF esteve em Braga numa emissão especial no INL e falou com vários cientistas deste laboratório. Paulo Freitas, diretor-geral adjunto da instituição, recorda ainda os tempos em que as paredes se erguiam para dar início a algo nunca visto no mundo.
"Foi desenhado para ser tipo um claustro para a ciência", para proporcionar um "ambiente de recolhimento para que os cientistas pudessem pensar e concretizar o que é pensado, em algo que tenha um efeito prático na sociedade", conta Paulo Freitas. A nanotecnologia investiga o desenvolvimento de materiais e componentes em diversas áreas, desde a medicina, à eletrónica, passando pelas ciências, ciência da computação e engenharia dos materiais.
O "sonho de Mariano Gago", antigo ministro da Ciência e Tecnologia, está vivo, foi feito "em conjunto com dois países" e para se poder "abrir" a terceiros, já que o objetivo sempre foi "fazer um instituto com uma característica de organização internacional".
Quando pisamos o território do INL estamos, de facto, num "território internacional dentro de Portugal", supranacional, com regras e autonomia próprias, aprovado pelas Nações Unidas e com carimbo do "primeiro laboratório de matriz internacional dedicado, em todo o mundo, às nanotecnologias". Uma espécie de Vaticano mas dedicado à ciência.
O plano inicial mantém-se de pé, "não houve desvios" e, neste momento, o INL conta com 300 pessoas a trabalhar, 80 delas estrangeiras.
E, ao fim de uma década, "o objetivo tem sido conseguido gradualmente". "Nasce do zero, é uma instituição nova, tem de se implantar e a implantação é conseguida pela infraestrutura mas principalmente pelos cientistas, pelas pessoas. Cada vez temos mais impacto mas estamos a competir com instituições que podem estar no terreno há 50 ou 100 anos e grandes universidades", explicou o especialista.
"Este laboratório vai desde a ciência fundamental até às implicações numa série de áreas e quando temos o impacto mais forte é quando vemos a nossa investigação ser transladada para o setor industrial ou atingir um nível académico muito alto", concluiu Paulo Freitas.