Cuidadora do marido com Alzheimer, Anabela Lima afirma que "a segurança social e o Serviço Nacional de Saúde não estão preparados para lidar com esta patologia de cuidador".
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Quando Valdemar deixou de reconhecer as formas e as cores, Anabela Lima pensou que o marido estava a brincar. Até perceber que era Alzheimer.
Desde 2010, Anabela perdeu tudo: o café que explorava com o marido, a vida sem sobressaltos e o homem por quem se apaixonara há 40 anos. "Inicialmente, achei que era capaz de cuidar do meu marido sempre, mas ao fim de 6 a 9 meses, eu só chorava", lembra Anabela, que se queixa da falta de respostas da Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde, perante a "patologia de cuidador".
"É um desgaste emocional, físico. É chegar à exaustão, porque (...) cada vez que ele descia um degrau, eu descia dois ou três", diz.
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Apesar do cansaço, Anabela foi uma das promotoras da petição discutida esta sexta-feira, na Assembleia da República, para que seja reconhecido o estatuto de cuidador informal do doente de Alzheimer.
É "uma causa social" e um dos poucos motivos que a podem afastar da visita diária a Valdemar, no lar onde se encontra há mais de um ano. "É como quando temos os filhos bebés. São tão indefesos, precisam tanto de carinho. Ele é o meu bebé com muitos quilos", afirma Anabela Lima.