Há cada vez mais trabalhadores portugueses a ficar doentes por causa do trabalho, de acordo investigações feitas ao longo de três anos pelo Observatório para as Condições de Vida.
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Criado em 2015, o projeto do Observatório para as Condições de Vida (OCV) junta investigadores de diversas áreas e instituições com o intuito de estudar a sociedade em aspetos tão variados como o Trabalho, a Saúde, a Educação ou a Segurança Social. A investigação desenvolvida ao longo de três anos permitiu concluir que, em Portugal, há cada vez mais trabalhadores a desenvolver problemas de saúde por causa do trabalho.
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Em entrevista à TSF, a investigadora Raquel Varela fala em "condições de trabalho próximas de tortura psicológica" no mercado de trabalho português. "O assédio moral é, hoje em dia, endémico nas empresas portuguesas e no Estado", afirmou.
"Cada vez mais, substituímos modelos de gestão democrática - inclusive, em grandes setores da Função Pública, como professores ou médicos, mas também noutros setores - por uma gestão altamente hierarquizada (...), que traz para o mundo intelectual e dos serviços métodos de gestão análogos aos das fábricas, com controlos irrespiráveis de tempo e falta de autonomia", defendeu a investigadora.
Raquel Varela aponta como exemplo concreto os métodos de avaliação dos trabalhadores. "Já não temos nenhum relato de um trabalhador que confie que se for o melhor vai ter uma boa avaliação", afirmou. "Isto leva a um esgotamento absoluto da força de trabalho e a uma seleção de quase 'super-homens' e 'super-mulheres', que são aqueles que aguentam níveis de exigência sobre-humanos".