A propósito da alegada sobrelotação na Oncologia do Hospital Santa Maria, o bastonário dos médicos acusa o ministro de "baixar os braços" e não exigir as verbas necessárias para o SNS.
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O presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte, que integra o Hospital Santa Maria, garante que não há quaisquer razões para preocupações e que as dificuldades sentidas no serviço de oncologia já estão resolvidas.
Em entrevista à TSF, o diretor da Oncologia do Hospital de Santa Maria garante que o serviço que dirige não tem capacidade para responder a todos os doentes que procuram o serviço. A hipótese, decidida pelo Governo, dos utentes escolherem onde querem ser tratados fez disparar a procura no hospital, que não tem meios para responder a todos.
Mas o presidente do conselho de administração centro hospitalar, Carlos Martins, assegurou, no Fórum TSF, que houve razões circunstanciais para os problemas detetados na última semana.
Segundo o presidente do centro hospitalar, os dados oficias indicam que o tempo de espera mediano para uma consulta é de 20 dias.
"Não há tratamentos oncológicos que estão a ser adiados", declarou Carlos Martins.
Durante a semana passada houve "algumas situações de menor capacidade de resposta, mas não podemos esquecer que, houve uma greve", defendeu o responsável. "Quando há greves, há sempre uma desregulação na atividade dos serviços", justificou.
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O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, atira responsabilidades para o ministro da Saúde, que acusa de ter baixado os braços e desistido. Na opinião do bastonário, o ministro Adalberto Campos Fernandes deveria "dar um murro na mesa" e exigir mais verbas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"O ministro da Saúde está, claramente, a baixar os braços", disse Miguel Guimarães, no Fórum TSF.
Em relação à questão de o Ministério das Finanças estar a fazer cativações das verbas do Ministério da Saúde, o bastonário considera que o problema tem de ser resolvido por Adalberto Campos Fernandes: "A responsabilidade do que está a acontecer na Saúde não é do ministro das Finanças. A responsabilidade do que está a acontecer na Saúde é do ministro da Saúde".
"Tem que dar um murro na mesa. Tem que dizer que a valorização da saúde dos portugueses é importante. Tem que exigir que seja atribuída uma verba maior à Saúde", declarou o bastonário dos médicos.
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Já a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, apontou, no Fórum TSF, outros problemas verificados no Hospital Santa Maria.
"Sem as autorizações virem do Ministério [da Saúde], ninguém consegue fazer milagres", disse Ana Rita Cavaco.
"Temos praticamente o mesmo número de médicos do que enfermeiros no Hospital Santa Maria", lamentou a bastonária.
"Em todo o lado, para haver segurança e qualidade, o número de enfermeiros tem de ser três vezes mais [que o de médicos], afirmou, acrescentando que já houve serviços a encerrar no hospital devido à falta de profissionais de enfermagem.
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*com Manuel Acácio e Guilhermina Sousa