Clone veio de um freixo com mais de 550 anos, de Trás-os-Montes, do Freixo Duarte d'Armas.
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A cerimónia está marcada para as 15h00 desta terça-feira no jardim do Palácio da Presidência. O clone saiu do freixo que, diz a lenda, dá nome à vila de Freixo de Espada à Cinta. Para lá desta primeira árvore, deverão acontecer durante este ano, mais plantações de clones em todas as capitais de distrito de Portugal e ilhas.
A ideia é perpetuar as características únicas dum freixo que deverá ter mais de cinco séculos e meio e uma grande história. "As pessoas, de alguma maneira atribuem o nome à terra, daquela árvore".
Quem o diz é Luís Martins, engenheiro florestal da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro de Vila Real. O nome da vila manuelina está ligado à lenda que diz que D. Dinis descansou à sombra daquele freixo.
A história refere, no entanto, que Freixo de Espada à Cinta terá sido fundada séculos antes do aparecimento deste freixo.
E que importância teria esta árvore para ser já desenhada por Duarte D`Armas, oficial do Rei D. Manuel I, que fez o levantamento das fortificações fronteiriças do reino à época? "Duarte de Armas percorre 55 localidades, desde Castro Marim até ao Minho. Ao chegar a Freixo de Espada à Cinta faz o seu trabalho, desenha a fortificação e nesse registo já faz a representação do freixo".
Assim, acrescenta Luís Martins, este freixo deverá ser o mais antigo de Portugal. "A árvore nessa altura já tinha uma dimensão razoável e nós estimamos que tenha entre 540 e 550 anos.
A pedido da autarquia de Freixo de Espada à Cinta, em 2014, uma larga equipa liderada por este engenheiro começou uma tarefa, nada fácil, de reabilitação do freixo que estava num processo de crescente degradação. "Foram diagnosticadas uma série de patologias. É evidente que a idade é um fator importante, a impermeabilização do solo, o facto de estar com muito cimento no seu interior do tronco, com chapas metálicas. Tudo contribuiu para fragilizar a árvore".
Mas as primeiras intervenções feitas no freixo levantaram suspeitas à população da vila, acrescenta Luís Martins. "Criou-se ali um ambiente um bocado difícil de gerir. Não chegou a haver um conflito perfeitamente aberto mas notava-se alguma tensão".Que tão depressa veio como foi embora. "Há uma expressão local que diz: o freixo engordou, o freixo engordou e pôs-se bom!".
Tão bom ficou que os trabalhos levaram a um aumento de ramos. Alguns desses ramos foram retirados para fazer estacas para a clonagem desta árvore única, um objetivo traçado desde o início dos trabalhos. No entanto a primeira tentativa não resultou, salienta Luís Martins." Ao longo de quase dois anos fizemos quase mil estacas e nunca conseguimos um clone desse trabalho".
Mas a sorte levou a equipa de Luís Martins para outra opção. "Dalguma maneira acabou por ser um acaso feliz porque em virtude das intervenções que foram feitas conseguimos que árvore lançasse novas raízes". E foi com elas que se conseguiu a clonagem do Freixo centenário de Freixo de Espada à Cinta. "Conseguimos 22 clones", conclui o responsável do projeto. Estes clones vão agora ser espalhados por todo o continente, Madeira e Açores. A primeira árvore clone fica na capita, em Belém.
Toda a história deste freixo com espada à cinta que a lenda associa ao nome da vila transmontana e rebatizado de Duarte de Armas, por ter sido o desenhador do rei Dom Manuel a ilustrá-lo em 1510, vai ser editada em livro.