O objetivo é garantir uma "visão integrada" na resposta às pessoas afetadas pelo incêndio de Pedrógão Grande, informou esta segunda-feira o secretário de Estado adjunto e da Saúde.
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A comissão de acompanhamento, liderada pelo presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental, António Leuschner, vai ser nomeada na terça-feira e pretende garantir "uma visão integrada" da resposta nesta área da saúde para os familiares das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, que causou pelo menos 64 mortos, anunciou hoje Fernando Araújo.
O membro do executivo sublinhou que há familiares de vítimas, "em vários pontos do país, a serem acompanhados por equipas diferentes", seja de hospitais ou de unidades de cuidados de saúde primários.
A comissão vai permitir avaliar e ter uma "noção clara" da resposta dada "a todos os familiares das vítimas em qualquer ponto do país", podendo ainda ser harmonizada essa resposta, "em termos de abordagem das várias equipas", explanou Fernando Araújo, que falava aos jornalistas após uma reunião na Câmara de Pedrógão Grande com autarcas dos concelhos afetados, familiares de vítimas e várias entidades de saúde locais.
Segundo o secretário de Estado, a comissão vai integrar psiquiatras, pedopsiquiatras, enfermeiros, psicólogos e técnicos de serviço social.
Fernando Araújo realçou que pretende que o incêndio de Pedrógão Grande sirva também para se "montar uma resposta a longo prazo e para o futuro", em caso de calamidades semelhantes. O objetivo passa por aproveitara experiência para delinear um plano estratégico a seguir em "catástrofes futuras", acrescentou.
De acordo com o membro do Governo, as reuniões de acompanhamento vão continuar, por forma a garantir "canais de ligação mais fáceis" com as autarquias e com os familiares das vítimas.
População da zona afetada que é acompanhada na área da saúde mental aumentou 67%
Antes do incêndio, cerca de 6% da população de Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande e Castanheira de Pera era acompanhada na área da saúde mental, sendo que a percentagem, após o fogo, subiu para cerca de 10% nos três concelhos, afirmou a coordenadora da unidade de saúde mental comunitária de Leiria Norte, Ana Araújo.
Segundo a médica psiquiatra, o número de consultas também "aumentou exponencialmente", sendo que em alguns concelhos se está a realizar o dobro do que era feito antes. "O trabalho foi muito ampliado", notou a coordenadora da unidade, sublinhando que, se dantes se fazia um trabalho de "dois a três dias por semana", hoje a equipa está "todos os dias da semana" no terreno.
Para além disso, realçou que as consultas estão a funcionar "por alargamento nos três centros de saúde", onde há psiquiatras em função das necessidades.
"A saúde mental é sempre uma questão muito importante quando surge uma catástrofe, por causa das perdas, dos lutos, da prevenção do trauma", vincou Ana Araújo, realçando que o trabalho nessa área está a ser desenvolvido "em conjunto com os cuidados primários de saúde para prevenir situações complicadas".