Um pequeno grupo de livreiros é recebido esta segunda-feira no Ministério da Educação para pedir ajuda para salvar o comércio local. Oferta de manuais escolares está a colocar em risco as papelarias.
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Os oito livreiros e amigos de Aveiro, Anadia, Albergaria-a-Velha e Vagos lutam, em nome próprio, para defender os negócios que têm as vendas em queda livre desde que os manuais escolares começaram a ser oferecidos pelo Estado.
José Augusto Baía, porta-voz do grupo, sublinha que não são contra a oferta dos livros do 1º ciclo, mas defendem que os pais deviam poder encomendar os livros onde entendessem, dando oportunidade às pequenas papelarias.
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"A luta pelo nosso trabalho, pelo nosso ganha-pão começou em dezembro de 2016 quando foi aprovada na Assembleia da República a oferta dos livros ao primeiro ano do 1º ciclo. Assim nos tocasse o euromilhões porque acertávamos que ia sobrar para nós e efetivamente está a sobrar para nós", lamenta.
José Augusto Baía denuncia que "há agrupamentos que estão a fazer ajuste direto ou compras diretas a grandes superfícies, não sei a quem, com margens de desconto elevadas" e que chegam aos 17% em alguns casos e são inacessíveis aos pequenos livreiros.
Dono de uma papelaria em Oliveira do Bairro, José Augusto Baía diz que as papelarias deste pequeno grupo de amigos já sofreram, em média, quebras nas vendas na ordem dos 60 a 70% porque a maioria sobrevive graças aos manuais escolares.
O grupo apela ao Ministério da Educação que os ajude, lembrando que há agrupamentos escolares que não deixam de parte os comerciantes locais e dão liberdade aos pais e encarregados de educação para encomendarem os livros onde o entenderem.
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José Augusto Baía sublinha que esta é uma iniciativa pessoal de um grupo de oito livreiros e amigos. Desde dezembro de 2016 que têm feito apelos, através de cartas, ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, aos grupos parlamentares e ao ministro da Educação.
Na semana passada, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) esteve reunida para analisar, entre outros assuntos, a situação das livrarias independentes.
Em comunicado enviado à TSF, a APEL diz que concorda que a sobrevivência dos pequenos livreiros "está ameaçada pela forma como a política de gratuitidade dos manuais escolares está a ser implementada".
A APEL defende, por isso, que "as preocupações e as propostas dos livreiros independentes sejam devidamente consideradas pelo Ministério da Educação, em concreto, a de orientar as escolas no sentido de se privilegiar a entrega de credenciais/vouchers aos encarregados de educação, para que estes possam escolher livremente qual a livraria em que desejam obter os manuais escolares".
Notícia atualizada às 13h30 com a posição da APEL.