O plano tinha sido travado pela crise económica dos últimos anos. A estratégia passa por aumentar a literacia acerca da saúde mental e direcionar a intervenção para grupos de risco.
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Originalmente criado para os anos 2013-2017, o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio vai ser reativado. A paragem "teve a ver com a crise económica e a intervenção da Troika", explicou a consultora para a saúde mental da Direção-Geral da Saúde (DGS), em entrevista à TSF. "Houve consequências na saúde e na saúde mental, por arrasto", completou Ana Matos Pires.
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O relançamento do Plano Nacional de Prevenção do Suicídio ocorre esta sexta-feira e sábado, em Beja, no Simpósio da Sociedade Portuguesa de Suicidologia. A consultora para a saúde mental da DGS quer retomar os planos interrompidos pelo período de crise económica. "O Plano Nacional de Prevenção do Suicídio para os anos 2013-2017 é um excelente plano e instrumento. Está feito de acordo com as diretrizes internacionais. Houve pontualmente coisas feitas de uma forma mais individual, por exemplo, pela sociedade portuguesa de suicidologia", reforçou a psiquiatra.
Os objetivos do plano são "a diminuição e a luta contra o estigma da depressão são extraordinariamente importantes, da mesma forma que a uniformização da terminologia dos atos suicidas". "Também a intervenção em determinados grupos de risco - jovens, idosos - fazem parte dos planos iniciais, e vão agora ser retomados com a maior brevidade possível, sabendo, no entanto, que o que foi perdido não será recuperado", explicou a representante da DGS.
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"Aquilo que me parece mais importante é aumentar a capacidade formativa e dirigi-la a grupos específicos. A única maneira possível é nós formarmos indivíduos para prestar apoio, nomeadamente em autarquias, em farmácias dos grandes centros, nos cabeleireiros, nas igrejas...É preciso orientar e dar formação"
A formação é fundamental para Ana Matos Pires, que defende que não é "anarquicamente" que haverá "ganhos na estratégia preventiva". Para isso, é necessário reconhecer o suicídio como "um comportamento", e não como "uma doença psiquiátrica".
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"Em termos preventivos, o que podemos fazer é tratar as doenças que estão na base da grande maioria dos suicídios e direcionar uma formação e um aumento da literacia em saúde a grupos específicos", adiantou a psiquiatra.
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O próximo Simpósio da Sociedade Portuguesa de Suicidologia será em 2020, no Porto, onde será feito o balanço da implementação do plano.