
Obidos Centro de Budismo Tibetano de Obidos, a meditacao pode fazer-se com as maos sobre os joelhos e pernas cruzadas Foto Henriques da Cunha
Henriques da Cunha
Em Olhão, um professor de Educação Física decidiu usar a meditação para melhorar o desempenho escolar e o comportamento dos alunos. Sabino Soares é candidato ao prémio de Melhor Professor de Portugal.
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Lá fora, no recreio, a algazarra é muita.
Quando chega à sala, o professor Sabino Soares tenta acalmar a turma: "Não sei se já repararam mas eu estou a tentar iniciar...".
São crianças do 4.º ano. Têm entre 9 e 10 anos. Todos os dias, quando chegam à sala de aula, fazem uns minutos de relaxamento. O docente vai motivando a turma. "Podem começar a preparar-se, costas direitas, olhos fechados, respiração profunda, sem forçar."
A proposta do professor é que, por uns minutos, façam meditação e se abstraiam de tudo. Não é fácil para algumas crianças entrarem neste período de relaxamento. Outras conseguem-no com facilidade.
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O professor lança uma sugestão: "Procurem o vosso lugar calmo e seguro, que pode ser uma praia, uma montanha,...".
Daniel consegue encerrar os olhos e, por momentos, viajar para bem longe. Relata que imaginou uma selva onde se sentiu feliz e calmo.
Já Lara esteve sempre de olhos abertos, a olhar para um lado e para outro, sem conseguir concentrar-se. "Havia muitos barulhos e eu estava sem atenção", admite
No final, o professor conversa com a turma, quer saber como se sentem.
Este projeto de mindfulness desenvolve-se na escola n.º 6 de Olhão, situada num bairro social onde existem muitos alunos com dificuldades de aprendizagem e falta de concentração nas aulas.
Todo este projeto começou quando o professor Sabino Soares, docente de Expressão Físico-Motora, percebeu que era difícil cativar estas crianças.
A iniciativa teve início e o professor até deu formação a outros colegas.
A ideia, assegura, não é ter crianças numa camisa-de-forças. "Não é que deixem de ser crianças e passem a ser robôs, calados e silenciosos. É educar pelo coração".
Sabino Soares diz que nunca lhe passou pela cabeça concorrer ao prémio de Melhor Professor do Ano. Fê-lo por insistência da organização e considera que há outros colegas com tanto mérito como ele".