33% dos portugueses sofrem de dor crónica. Para incentivar as crianças a expressarem o que estão a sentir, a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor promoveu o concurso "Vou desenhar a minha dor".
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Um concurso destinado a crianças até aos 12 anos e que se encontrem hospitalizadas. Isaura Tavares, da direção da APED, "mostra-nos" os vencedores.
O vencedor deste ano é a Mariana, de 5 anos, "tocou-nos, porque ela relatava a dor, desenha a dor com um foco vermelho, está zangada. Mas tocou-nos, porque desenha o sofrimento da mãe, que está a gritar. Depois temos o desenho da Catarina (na categoria 6 - 9 anos), que tem uma visão dicotómica entre um dia com dor e sem dor. O dia com dor tem chuva, coração partido e a esperança é passar para um dia sem dor, com o sol a brilhar e passarinhos no céu. O terceiro classificado na categoria de 9-12 anos é o Leandro. É muito expressivo, põe o foco da dor na barriga, desenha parasitas e transmite uma mensagem do que o está a afligir".
No Dia Nacional da Luta Contra a Dor a APED quer alertar para o facto de este problema também afetar os mais novos.
"Divulgar um problema pouco conhecido e pouco estudado, que é a dor na criança. Durante muito tempo achávamos que as crianças não tinham dor", diz Isaura Tavares.
Assim nasceu a ideia de criar o concurso "Vou desenhar a minha Dor". "Há dois tipos de sofrimento, o físico e o emocional. O sofrimento físico da criança que está internada e muitas vezes transmite no desenho o local onde lhe dói... Ou são as agulhas, ou uma cirurgia ou partiu uma perna. Depois há o sofrimento psicológico, ou porque estão longe da família, não podem brincar... e o sofrimento de crianças sujeitas a quimioterapia e que desenham-se a si próprias sem cabelo".
Cada criança tem uma forma muito particular de expressar a dor. "Nos EUA há centros de investigação que usam o desenho das crianças para perceber melhor que tipo de dor estamos a falar".
Isaura Tavares, da direção da APED, lamenta que esta não seja considerada uma área prioritária, apesar de a prevenção ser fundamental. "As pessoas devem tratar a dor antes que se torne crónica e tem efeitos definitivos. Há pessoas que não tomam medicação porque não têm dinheiro".
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto tem uma escola para pessoas com dor, que funciona como um grupo de apoio e que se prepara para concretizar uma luta antiga: a criação da primeira associação de doentes com dor. "É importante que os doentes se associem para serem grupos de apoio, que podem ser grupos de pressão", diz Isaura Tavares.
33% da população portuguesa sofre de dor crónica, as lombalgias são as mais comuns.