Portugueses criam detetor de radioatividade. Está em Almaraz e pode ir para todo o mundo
O aparelho criado na Universidade de Aveiro é um avanço científico e pode ser utilizado nas diferentes centrais do mundo. Sistema está a ser testado na barragem de arrefecimento da central de Almaraz.
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Uma investigação da Universidade de Aveiro permitiu desenvolver um sistema que permite medir, em tempo real, os níveis de radioatividade, através dos sistemas de refrigeração das centrais nucleares.
A central espanhola Almaraz, que utiliza a água do rio Tejo para arrefecimento, foi o local escolhido para instalar este protótipo. O aparelho está, mais precisamente, à saída da barragem de Arrocampo, que é a barragem de arrefecimento da central de Almaraz, no canal que esgota para o Rio Tejo".
O investigador Carlos Azevedo explica que é usado um " material específico que reage à radioatividade" e que, "quando acontece esse fenómeno de interação da radioatividade com esse material há produção de luz". "O que fazemos é simplesmente recolher a luz que é criada nesse evento e tentar discriminá-la dos eventos naturais, como a radiação de background e cósmica", explica.
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O especialista revela que o protótipo "está a fazer os primeiros testes em campo", onde se procura "aprender o máximo possível da resposta deste detetor para, num futuro muito próximo, fazer o upgrade do sistema".
João Veloso, coordenador do projeto, esclarece que está em causa a deteção da substância trítio, "que é radioativa e prejudica a saúde se for ingerida em quantidades acima de determinados níveis". Como tal, e tendo em conta normativas europeias que definem limites máximos para consumo humano, este aparelho "permite identificar a quantidade de trítio na água para que essas normativas possam ser respeitadas".
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O sistema é diferente dos já existentes essencialmente na rapidez. Há um "controlo em tempo real, contrariamente aos sistemas que existem em que demoram cerca de dois a três dias a produzir o resultado". Este aparelho permite, "em cerca de cinco a dez minutos", perceber os resultados.
"Pode ser utilizado nas diferentes centrais nucleares que existem em todo o mundo, uma vez que que as questões associadas às fugas resulta sempre na produção de trítio", sublinha ainda o investigador.