A Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa distinguiu uma investigação que visa explicar como é que as flutuações de peso na adolescência contribuem para problemas cardiovasculares na idade adulta.
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O projeto vencedor do Prémio SCML/MSD em Saúde Pública e Epidemiologia Clínica foi desenvolvido por um grupo de investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia do Instituto de Saúde Pública e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e deu os primeiros passos em 2003.
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Elisabete Ramos, porta-voz do grupo, explica que acompanharam mais de 2 mil jovens e as conclusões mostram que, mesmo com perda de peso, os danos na saúde não desaparecem. Foram avaliados parâmetros como o IMC, a pressão arterial e a resistência à insulina.
"O trabalho premiado avaliou a relação entre a gordura corporal de um grupo de cerca de 2 mil pessoas, desde os 13 aos 24 anos e os fatores de risco cardiovasculares que apresentavam. A mais valia é que habitualmente a relação com a gordura é avaliada tendo em conta apenas, por exemplo, o índice de massa corporal (IMC) e, neste trabalho, encontrámos uma forma de sumariar não só o valor daquele momento mas qual a evolução ao longo destes 11 anos de seguimento", explica Elisabete Ramos.
"Conseguimos perceber que, para além do IMC que se tem num determinado momento (neste caso em particular o valor que tinham aos 24 anos), mais que o valor de um determinado momento, interessa o percurso", revela a investigadora. "Por isso, alguém que teve maior gordura durante a adolescência vai ter um pior perfil quando chegar à idade adulta, mesmo que entretanto tenha descido o IMC".
Elisabete Ramos afirma que estas conclusões mostram que "é necessário apostar na prevenção o mais cedo possível". "Estes jovens, que estão a chegar à idade adulta, são dos primeiros que chegam numa era em que houve aumento da obesidade infantil e o perfil cardiovascular deles poderá estar mais agravado do que o perfil de um adulto/jovem de há 10/20 anos. Este percurso durante a infância/adolescência poderá refletir-se, nos próximos anos, na idade adulta e mais precocemente do que víamos nas gerações anteriores".
A investigadora defende que a obesidade continua a ser um problema: "há dados que indicam que nas crianças há um ligeiro abrandamento, mas continua a ser muito preocupante, porque a obesidade acaba por refletir-se em muitas patologias diferentes".
A cerimónia de entrega do Prémio SCML/MSD em Saúde Pública e Epidemiologia Clínica realiza-se esta segunda-feira, às 18h00, no Palácio da Bemposta, em Lisboa.