Convidada pela TSF a refletir sobre 2015 e a perspetivar o próximo ano, Maria Manuel Mota, investigadora da Malária, elege também questões relacionadas com o ambiente e Europa.
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Maria Manuel Mota, bióloga, investigadora da Malária no Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, Prémio Pessoa em 2013.
Acontecimento do ano
"É óbvio que toda a gente tem na cabeça os atentados terroristas em Paris, mas vou destacar o prémio Nobel da Medicina e Fisiologia [que distinguiu 3 investigadores por descobertas sobre parasitas que causam doenças como a malária]. Acho que é uma mudança de paradigma, por estar a dar algo que vai ter um impacto em populações que não são aquelas em que normalmente pensamos em temos de ciência.
Também é uma mudança de paradigma no sentido em que o prémio Nobel está a ser dado a algo que não é por si uma descoberta cientifica mas é algo que teve impacto na população".
Figura do ano
"Para mim foi Aung San Suu Kyi, líder do partido da oposição da Birmânia , que ganhou as eleições e que já foi prémio Nobel da Paz. Representa a resiliência que é preciso ter muitas vezes para atingir os nossos objetivos.
Ela tinha um objetivo claro, para ela e para o povo e foi ate ao final, demorou umas décadas, sofreu isso na pele, com prisão, com isolamento dos filhos e do marido. Foi a grande vencedora das eleições, tem a população do lado dela e acho que é um exemplo fantástico para qualquer individuo no nosso planeta".
Desejo para 2016
"Que o mundo comece realmente a implementar soluções globais de sustentabilidade do planeta. Deram-se os primeiros passos em Paris [na cimeira do clima], que ainda são muito, muito pequenos. Mas são os primeiros e acredito que possamos dar passos cada vez maiores para implementar soluções globais. Não tem só a ver com as alterações climáticas mas sim toda uma forma de estar no mundo. Se queremos continuar aqui nas próximas gerações temos que criar um planeta realmente sustentável".
"Queria também uma Europa muito mais coesa, que procure soluções racionais para os seus problemas em conjunto".
"Em Portugal, gostava que o país estivesse a discutir de forma séria o seu modelo de futuro. No fundo, que questionássemos o que queremos ser daqui a 20 ou 50 anos e que modelo escolheremos para atingir os seus objetivos".