Procuradora investigada por ter prejudicado o Ministério Público no caso de Tancos
O Ministério Público abriu um inquérito-crime para investigar a atuação da procuradora Cândida Vilar no caso das armas desaparecidas em Tancos.
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Estão a ser averiguadas suspeitas de a magistrada Cândida Vilar ter interferido no caso de Tancos. Cândida Vilar não tinha qualquer responsabilidade na investigação, mas foi apanhada numa escuta telefónica a aconselhar o major Vasco Brazão, oficial da Polícia Judiciária Militar (PJM), a não colaborar com o Ministério Público nem com a Polícia Judiciária (PJ) civil, prejudicando a investigação ao assalto.
Na altura, Vasco Brazão estava sob escuta, no âmbito da Operação Húbris, a investigação ao reaparecimento do material roubado na Chamusca - que resultou na detenção de sete militares da GNR e da PJM, entre os quais o próprio diretor da Judiciária Militar.
A magistrada e o major da Policia Judiciária Militar tinham trabalhado juntos na investigação ao caso das mortes no curso dos Comandos, daí a relação de proximidade entre os dois.
O Diário de Notícias , que avança o caso, refere que Cândida Vilar pode incorrer nos crimes de denegação de Justiça, prevaricação, favorecimento pessoal, além da violação dos deveres funcionais de magistrada.
O processo está a ser dirigido pelo Ministério Público do Tribunal da Relação de Lisboa, órgão responsável pelas investigações a magistrados judiciais, e até ao momento, ainda não há arguidos constituídos.
Contactada pelo Diário de Notícias, Cândida Vilar disse desconhecer o processo, garantindo não ter sido notificada, e adiantou não ter memória da conversa telefónica em causa.
Cândida Vilar, procuradora há 20 anos, já esteve à frente de vários casos mediáticos, como o das mortes no curso dos Comandos e a invasão da Academia do Sporting em Alcochete (do qual surgiu a polémica do seu interrogatório a Fernando Mendes, ex-líder da Juve Leo).
No total, Cândida Vilar foi alvo de três processos disciplinares, só no último ano, sendo que um dos militares que está a ser julgado no caso do curso dos Comandos apresentou uma queixa-crime contra a Procuradora por prevaricação e detenções ilegais.